JORNALISMO DE TV RECEBE UMA LIÇÃO - OPINIÃO

Afanasio Jazadji
03/06/2002 18:16

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O último sábado, 1º de junho, Dia da Imprensa, teve um estilo de 1º de abril, na guerra pela audiência dos noticiosos de TV que tentaram mostrar a triste fase de crescimento da violência e da criminalidade no País.

Durante mais de uma hora, o programa "Cidade Alerta", da TV Record, colocou no ar a voz de um tal Hamilton Pereira, que se dizia assessor do cantor Marcelo Pires Vieira, o Belo.

O experiente homem de rádio e TV, Nei Gonçalves Dias, certamente traído pela improvisada produção da Record e pela guerra de denúncias entre essa emissora e sua concorrente Rede TV!, deu crédito ao tal "assessor", que inicialmente dizia estar no São Paulo Hilton Hotel, ao lado de Belo, que se dispunha a se entregar à polícia paulista para contestar a suspeita de seu envolvimento com traficantes de drogas do Rio de Janeiro.

O tal Hamilton, de quem Nei se dizia "amigo pessoal" repetidas vezes, anunciou no ar que Belo estava sendo levado por policiais para o 3º DP. Mais tarde, ele "informou" que o cantor estava passando mal e iria para a Santa Casa. Poucos minutos depois, estranhamente, o "assessor" disse que Belo havia entrado em "estado de coma". Tudo era furado: Belo não estava no hotel nem na delegacia nem na Santa Casa. Foi uma enorme "barrigada" da Record, uma irresponsabilidade, uma lição que o jornalismo de TV recebeu, para muitas reflexões.

O mestre do rádio, Fernando Vieira de Mello, falecido em 2001, dizia: "Notícia tem de ser apurada sempre, antes de ir ao ar."

Afanasio Jazadji é deputado estadual e vice-líder do PFL

alesp