DA REDAÇÃO

A galeria de ex-presidentes da Assembléia Legislatura recebeu na tarde desta quinta-feira, 30/1, os quadros dos ex-presidentes Vitor Sapienza (1993/1995), Ricardo Trípoli (1995/1997), Paulo Kobayashi (1997/1999) e Vanderlei Macris (1999/2001). A solenidade foi aberta pelo secretário geral parlamentar Auro Augusto Caliman, que em seu discurso abaixo transcrito relatou em poucas palavras a história da galeria e relembrou a atuação mais importante de cada ex-presidente hoje homenageado.

A solenidade

Inaugurada em 1920, a galeria abriga os quadros de todos os ex-presidentes da Assembléia Legislativa desde 1835. A idéia surgiu na gestão de Nicolau Lobo, primeiro presidente do Poder Legislativo, que na época afirmou: "Todos os homens vinculados às atividades políticas e de transformação social precisam ficar gravados em algum objeto para que sejam sempre lembrados pelas suas realizações."

Trípoli fez questão de destacar o trabalho dos funcionários da Casa e lembrou que seu período na presidência foi muito difícil em razão de o horário de trabalho ser extenso. "Abrimos mão do convívio familiar para implementar uma série de mudanças na Assembléia Legislativa."

"Meu antecessor viveu a pior fase da legislatura, uma vez que foi a de transição", destacou Kobayashi, que se confessou resistente a assuntos relacionados a quadros: "Parece coisa do passado, mas agradeço a homenagem".

Macris disse que Walter Feldman deu continuidade ao trabalho de seus antecessores na presidência e que soube consolidar o debate no Legislativo. "É uma honra constar de uma galeria onde se encontram retratos como o de Franco Montoro."

O 2º secretário da Mesa Diretora, Dorival Braga, elogiou o trabalho de Walter Feldman e agradeceu o apoio que sempre recebeu dos ex-presidentes presentes.

O atual presidente da Assembléia, Walter Feldman, ressaltou o trabalho do secretário geral parlamentar Auro Caliman. "Ele é um fio condutor na atuação do Parlamento." Feldman disse que fez questão de inaugurar os quadros nesta data porque eles retratam uma mesma geração de presidentes e simbolizam uma linha de continuidade.

Segundo Feldman, Sapienza teve atuação exemplar no incidente da ocupação do prédio da Assembléia pelos professores grevistas, evitando um grave transtorno.

"Já o ex-presidente Trípoli deu início a grande transformação da Assembléia. Ele implementou a reforma administrativa e construiu a TV do Poder Legislativo", esclareceu Feldman, salientando que Kobayashi também é lembrado com carinho por todos os funcionários e deputados, devido a sua sabedoria, demonstrada na resolução de problemas políticos e administrativos..

Sobre Macris, Feldman declarou que o ex-presidente deu início à divulgação do trabalho da Assembléia ao povo e ampliou seu espaço geográfico. "Nada mais construtivo do que o Fórum São Paulo Século XXI e o Índice Paulista de Responsabilidade Social para a comunidade do Estado de São Paulo."

As palavras do secretário geral parlamentar

Senhor presidente Walter Feldman

Senhores secretários, deputados Hamilton Pereira e Dorival Braga

Senhores presidentes Vitor Sapienza, Ricardo Trípoli, Paulo Kobayashi,

Vanderlei Macris,

Senhores deputados, Senhoras deputadas,

Meus colegas presentes,

Senhoras e senhores,

Esta é uma cerimônia singela e despretensiosa, mas revestida de um profundo significado histórico.

Semelhante a ela, em 17 de dezembro de 1920, os anais registram a inauguração da galeria dos presidentes da então Câmara dos Deputados Estaduais, pelo então presidente Antônio Álvares Lobo e que contou com 9 retratos dos presidentes, entre 1891 e 1930; depois, foram dois presidentes entre 1935 e 1945; e 37 presidentes de 1947 até 2001. Destes 37, temos o registro em 33 retratos, que será completado com a inauguração hoje dos quatro restantes.

À época, em 17 de dezembro de 1920, o então presidente Antônio Lobo, falando da necessidade de ficarem revividas sempre as ações dos homens, com os vestígios assinalados de suas passagens, citava Cícero: "Esta pátria dos meus irmãos é a minha pátria, como é a pátria de meus antepassados." e aduzia o presidente: "Os homens cujos nomes estão vinculados à atividade ou atuação política de nossa terra e aos acontecimentos de trans-formação, precisam ficar reproduzidos n'algum objeto que, de pronto, os traga à memória, com a lembrança de seus atos, de sua energia..."

Assim, uma visita à galeria dos presidentes da Assembléia é uma aula da evolução política do Estado de São Paulo e da evolução política do Brasil. Registra-se aí o início dos legislativos das províncias no Império, com o ato adicional de 1834 que criou as Assembléias Legislativas Provinciais e, ipso facto, a instalação, em 2 de fevereiro de 1835, da Assembléia Legislativa da Província de São Paulo, cujo primeiro presidente foi Nicolau Pereira de Campos Vergueiro. Registra-se, portanto, 168 anos de existência desta instituição democrática que é o Poder Legislativo Paulista, sempre composto por representantes eleitos, jamais nomeados "bionicamente". Então, quando se olha para os retratos dos presidentes flui uma imensidão de informações, de registros da história.

Para estes retratos que serão inaugurados - se me permitem registrar alguns feitos - não se poderá olhar para a figura do homem Vitor Sapienza, sem enxergar a do presidente que aprovou, em 1994, o Código de Ética e Decoro Parlamentar. Foi o primeiro código de ética aprovado por uma assembléia legislativa no Brasil. Assim como foi o presidente Vitor Sapienza quem determinou estudos e concluiu o primeiro Plano Diretor de Informática da Assembléia Legislativa.

Peço ainda a permissão dos senhores para observar que não sepoderá olhar para o retrato pessoal do senhor Ricardo Trípoli sem enxergar o presidente que imprimiu profundas alterações administrativas aprovando uma reforma administrativa ampla na Assembléia; assim como comprou , pela primeira vez, computadores para todos os parlamentares e a maioria dos setores da casa e semeou os novos princípios da gestão pública, obtendo o Certificado ISO 9000 para as áreas de suporte ao processo legislativo; implantou um símbolo da trans-parência na política: o painel eletrônico para cômputo dos votos na votação ostensiva. e o novo modelo de governo propugnado por Sua Excelência o Governador Mário Covas, não teria sido implantado sem a decisiva deliberação da Assembléia presidida pelo deputado Ricardo Trípoli; em sua gestão aprovou-se a lei que permitiu a privatização de várias empresas estatais.

Quando se olhar para o retrato pessoal do senhor Paulo Kobayashi enxergar-se-á o presidente da Assembléia que radicalizou a transparência do processo legislativo ao implantar, após anos de pesquisa e trabalho, em rede interna interligando todos os gabinetes, o sistema informatizado do processo legislativo; assim como foi Sua Excelência quem inseriu a Assembléia Legislativa na internet. Em sua presidência a Assembléia resgatou uma competência que durante 20 anos deixou, por vários motivos, de ser exercida: deliberação das contas dos governadores Maluf, Montoro, Quércia, Fleury e Covas.

Enfim, o retrato do presidente Vanderlei Macris está carimbado com a tinta indelével dos debates do Fórum São Paulo Século XXI, implantação do Índice Paulista de Responsabilidade Social, criação da Região Metropolitana de Campinas e, no âmbito interno da instituição parlamentar, inseriu o processo legislativo paulista na Casa de todo cidadão ao "internetizar" o sistema de informática do processo legislativo.

Estas são algumas menções de feitos que identificam períodos da história na imagem de nossos presidentes, comandando uma Mesa, líderes e parlamentares que fizeram e fazem a história do Parlamento Paulista e com os quais temos orgulho e honra de ter convivido e assessorado na condução dos trabalhos legislativos.

Não se trata, aqui, de incensar pessoas, mas entender o que elas sacramentalizam, rememoram, revivem, significam, representam...

Que fique, pois, nos respectivos retratos dos presidentes, a representação do significado histórico dos feitos e transformações do Parlamento Paulista retratando a evolução política deste nosso Estado e do nosso País.