Governo estadual desconsidera desemprego no interior na criação de frentes de trabalho


06/12/2001 10:15

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DA ASSESSORIA

O programa de Frentes de Trabalho aplicado pelo governo do Estado continua não atendendo cidades do interior. Criado em junho de 1999 como mecanismo emergencial de combate ao desemprego, o programa oferece aos trabalhadores selecionados uma bolsa-auxílio de R$ 160,00 e cesta básica. Mas até hoje só foi aplicado na Região Metropolitana de São Paulo.

O Secretário Estadual de Emprego e Relações do Trabalho, Walter Barelli, esteve na terça-feira, 4/12, na Assembléia Legislativa em reunião da Comissão de Relações do Trabalho para discutir medidas de combate ao desemprego. O líder da bancada do PT, deputado Carlinhos Almeida, questionou o porquê de as frentes de trabalho nunca atenderem o interior do estado. "Não é um problema legislativo, é um problema de orçamento", admitiu o secretário, explicando que já houve mudança na legislação do programa permitindo sua expansão para cidade fora da Grande São Paulo. Mas Barelli também relacionou a restrição geográfica a uma dificuldade que existiria em medir com precisão o desemprego no interior, citando como exemplo os períodos de safras agrícolas, e também a falta de condições para concentrar programas.

"É impressionante como o governo do Estado ainda não conhece o interior", reclama Carlinhos. "Muitas cidades como São José dos Campos, Campinas ou Sorocaba, com economia baseada na indústria e no comércio, têm uma realidade de desemprego absolutamente equivalente à da capital e uma densidade demográfica grande o suficiente para justificar a alegada concentração de programas", comenta.

O líder petista também questionou a pequena destinação de recursos ao programa de microcrédito do Banco do Povo, que faz empréstimos a juros subsidiados para abertura de pequenos negócios. Mas Barelli afirma que nunca faltou dinheiro para o programa e que este ano não usou todo o recurso disponível no orçamento. "O problema é que o sem-crédito ainda não aprendeu a trabalhar com crédito", justifica o secretário. O deputado petista não concorda. "É um absurdo jogar a culpa no cidadão que necessita do recurso. Está evidente que o programa pode fomentar muito mais pequenos empreendimentos se o governo apostar nisto e estimular o uso do Banco do Povo".

alesp