Acervo Artístico

As "esculturas" de Bárbara Schubert Spanoudis: autêntica criação do instinto
10/02/2003 16:50

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Emanuel von Lauenstein Massarani

A arte de Bárbara Schubert Spanoudis está intimamente ligada a uma espécie de futurismo que se aproxima idealmente ao abstrato. Tanto em seus "quadros" quanto em suas "esculturas" atuais, encontramos uma rebelião anárquica individual, que supera o fato estético para entrar numa atmosfera em parte geométrica.

Tanto a madeira de suas "esculturas" quanto as fibras utilizadas na "assemblagem" de seus quadros, nos colocam frente a interrogações as mais diversas: motivos metafísicos em absoluto ou chamamentos neoclássicos? É difícil responder: existem linhas, forças e descomposição de influência cubista, enquanto que as dimensões conservam intacto um figurativo emblemático.

Existe nas obras de Bárbara Schubert Spanoudis uma grande habilidade inventiva, não dispersiva, um ritmo que se modula sem inflexões literárias com um corte de composição sempre renovado. Se o substrato material registra uma serie de esforços materiais tecnicamente modernos, as estruturas se articulam e se completam num harmônico final figurativo.

No sentido do abstrato, a palavra "figurativo" não deve ser mal interpretada, pois as impostações emblemáticas da artista possuem um simbolismo tão-somente geométrico que o todo, com efeito, se transforma em objeto real.

A dinâmica das formas de Bárbara Schubert Spanoudis possui uma linguagem particular e, portanto, o ponto de chegada dos meios utilizados ainda não está fixado. Encontramo-nos frente a uma autêntica criação do instinto, poderosa e sincera. Esse mesmo instinto conseguiu reunir ou melhor, "assemblar", em chave moderna, sensações e objetos de ontem e de hoje.

A classe dessa artista encontra-se no seu próprio temperamento, que a leva a improvisar muito mais que a meditar, com o objetivo de dominar a matéria com espírito novo. Tanto em Folhas II quanto em Triângulos I, obras doadas ao Acervo Artístico do Palácio 9 de Julho, a artista se limita a construir arquitetonicamente as suas "formas" esculturais, as quais mesmo não podendo ser classificadas de autênticas esculturas, das esculturas possuem todas as qualidades estilísticas.

A artista

Bárbara Schubert Spanoudis nasceu em Dessau, Alemanha, radicando-se no Brasil a partir de 1938. Estudou Desenho e Pintura em São Paulo e Porto Alegre. De 1952 até 1955 prosseguiu seus estudos na Academia de Artes de Duesseldorf, Alemanha.

De volta ao Brasil, participou de exposições coletivas e individuais, dentre as quais: V Salão Paulista de Artes Moderna de São Paulo (1956); XV Salão Paulista de Artes Moderna de São Paulo; 10 Artistas Geométricos, Santo André (1966); XVI Salão Paulista de Arte Moderna, São Paulo (1967); II Salão de São Caetano do Sul; Galeria Espaço, São Paulo (1968); II Salão de Artes Plásticas do Noroeste, Penápolis; Construtivistas e Figurativos da Coleção Spanoudis - Centro de Artes Porto Seguro, São Paulo (1978); Coleção Theon Spanoudis - Museu de Artes Contemporânea da Universidade de São Paulo (1979); II Salão Paulista de Artes Plástica e Visuais, São Paulo (1981); X Salão de Artes Contemporânea, Santo André; II Mostra de Colagem, São Paulo; Kouros Galleery, New York, Estados Unidos; I Salão Paulista de Artes Moderna - Bienal - São Paulo (1982); Brazilian - American Cultural Institute, Washington, Estados Unidos (1983); III Mostra de Colagem, Museu de Imagem e do Som, São Paulo (1984);

Suas obras estão em importantes acervos oficiais, como no Museu de Artes Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC) e em coleções particulares no Brasil, Alemanha, Holanda, Itália, Grécia, Argentina e Suíça.

alesp