Eventos cívicos, culturais e filantrópicos trazem sociedade paulista à Assembléia - 1


22/01/2003 17:47

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Em 2002, a Assembléia Legislativa foi palco de vários eventos, que trouxeram para o Palácio 9 de Julho a sociedade paulista. Desde festivais, que procuraram valorizar as etnias africanas e japonesa, como o 1º Festival Afrikambo, o Congresso da Afrobras e o V Festival do Japão, até o Parlamento Jovem, que mostrou à Assembléia a alegria e o entusiasmo dos 94 deputados jovens, eleitos em escolas das mais variadas regiões do Estado. Recebemos ainda as crianças especiais cuidadas pelas diversas entidades que trabalham com portadores de deficiências, que vieram lançar a Semana do Excepcional, e o pessoal do Centro de Justiça Global que veio apresentar o relatório Direitos Humanos no Brasil 2002. Outro acontecimento importante foi a entrega, em dezembro, do Prêmio Santo Dias de Direitos Humanos, que nesta sexta edição homenageou as vítimas do regime militar. Em um ano conturbado mundialmente pelos conflitos no Oriente Médio, o Parlamento Paulista promoveu o encontro Diálogos pela Cultura da Paz - Uma Política Inadiável, para celebrar o Dia Internacional de Cultura da Paz proposto pela Unesco. Também se destaca o Dia de Parceria e Cidadania, evento de assinatura de 49 parcerias firmadas entre a Assembléia e entidades públicas e privadas. Por fim, foi de relevante bom-gosto o concerto mensal da Orquestra de Câmara da Unesp no Hall Monumental que encheu de sons o Palácio 9 de Julho. Nesta primeira parte, trataremos dos eventos culturais e filantrópicos realizados no ano passado.



ETNIA

1º Festival Afrikambo de Cultura e Arte Negra

Com o objetivo de mostrar e resgatar características das diversas vertentes da cultura afro-brasileira que contribuem para o conhecimento, propagação e fortalecimento dos costumes e tradições culturais e a importância do negro na história do Brasil, foi realizado na Assembléia Legislativa o 1º Festival Afrikambo de Cultura e Arte Negra, que contou com a presença do jogador de futebol americano Carroll Williams, que falou da importância de os negros se envolverem em projetos empresariais que lhes dêem melhor qualidade de vida, principalmente aos jovens. "É preciso fazer um trabalho grande com os jovens, pois eles são o futuro deste país. Precisamos trabalhar juntos para que eles possam participar e lutar por uma sociedade melhor", declarou.

O festival ocorreu entre os dias 21 e 23 de agosto na Assembléia Legislativa e no dia 27 de agosto, na Assembléia Legislativa e na Câmara Municipal de São Paulo, onde foram proferidas palestras sobre temas de saúde, educação, política e negócios, por personalidades que desenvolvem trabalhos em prol da comunidade afrodescendente.

Projeto Afrikambo

O Afrikambo é um projeto do Centro Cultural Àdìmúla Ilé Àse Òrisà, entidade que tem como objetivo unir diferentes povos em prol da ética social e incentivo educacional, promover a difusão da cultura e valores étnicos através dos meios de comunicação, seminários, palestras, congressos e exposições.

Na língua yorubá, Afrikambo significa "a África está chegando". O projeto Afrikambo visa assim resgatar a cultura dos povos africanos, traçando sua trajetória histórica em direção a diferentes países do mundo e as influências culturais, artísticas e religiosas mantidas e transmitidas por afro-descendentes. Recuperar o elo com o passado, discutir as questões de identidade étnico-cultural, políticas e ações afirmativas concretas relativas aos afrodescendentes são algumas das intenções desse projeto.

Carrol Williams

Consagrado jogador negro de futebol americano, foi considerado um dos atletas profissionais de maior influência na história da Flórida. Em 1960 foi o primeiro negro daquele Estado americano a jogar em colégio de pessoas brancas e o primeiro afro-americano a ocupar o cargo de técnico de futebol da Universidade de Miami, Flórida.

Carrol Williams, formado pela Universidade College Xavier Cincinnati, de Ohio, doutorou-se em Educação, Filosofia e Comunicação pela Universidade da Northern Colorado. O atleta transformou-se em líder internacional nas lutas pelos direitos civis dos negros e num dos mais respeitados políticos na Sociedade Negra dos Estados Unidos. Atualmente preside a empresa Golden Eagle Communication e representa o Estado da Flórida como palestrante em todas as partes do mundo.

Dia da Consciência Negra - Afrobras realiza congresso na Assembléia

Em homenagem a Zumbi dos Palmares, líder da luta dos negros para sua libertação e pelo reconhecimento de seus direitos de cidadania em terras brasileiras, a Afrobras - Sociedade Afro-brasileira de Desenvolvimento Sociocultural realizou um congresso nas dependências do Palácio 9 de Julho em 20 de novembro, data atribuída ao nascimento do quilombo revolucionário.

Convidados para o evento, os norte-americanos Joseph Beasley, secretário-geral da Rainbow/Push - Atlanta e Eva Wanton, vice-presidente da Florida A&M University, afirmaram que o intercâmbio entre instituições americanas e brasileiras é fundamental para o crescimento do movimento de valorização da cultura negra e para o combate a qualquer forma de discriminação étnica, social e cultural.

Posições subalternas

Joseph Beasley informou que há um esforço para que as empresas criem políticas de valorização das minorias com cursos de formação e oportunidades de ascensão profissional. Beasley citou o caso da Coca-Cola, em que, embora 58% dos consumidores no Brasil sejam afro-descendentes, os representantes deste grupo étnico ocupam, em sua grande maioria, posições subalternas na empresa, com pouca possibilidade de ascensão.

Eva Wanton destacou que a questão educacional é fundamental para elevar a auto-estima e incluir socialmente parcela significativa da população. "Os Estados Unidos têm um acúmulo educacional de mais de 100 anos em escolas voltadas para negros, experiência que pode servir de ponto de partida para uma reflexão sobre como incluir a questão étnica na educação dos jovens brasileiros", afirmou Eva, que saudou a iniciativa de implantação da Universidade Zumbi dos Palmares.

Universidade

O presidente da Afrobras, José Vicente, deu as últimas informações sobre a implantação da Universidade Zumbi de Palmares no prédio do antigo fórum de São Bernardo do Campo. A universidade deverá estar em funcionamento a partir de maio de 2004 com dois cursos: administração de empresas, com quatro habilitações, e o curso normal superior. A expectativa é de que sejam abertas 500 vagas, sendo 45% delas reservadas para afro-descendentes.

V Festival do Japão

Com o apoio da Assembléia Legislativa de São Paulo, a Federação das Associações de Províncias Japonesas no Brasil (Kenren) realizou, de 26 a 28 de julho, o V Festival do Japão. O evento, que tem por objetivo divulgar de forma ampla as manifestações culturais das diversas regiões do Japão, foi montado no estacionamento do Palácio 9 de Julho e teve caráter beneficente.

Considerado pelos organizadores "uma verdadeira exposição cultural", o festival integra oficialmente o calendário turístico do Estado e seu público se torna mais numeroso a cada ano. Em 2002, cerca de 300 mil pessoas, vindas de várias regiões do Estado, visitaram os estandes e assistiram aos diversos shows. "Com trabalho voluntário das Associações, organizamos o maior evento da comunidade nikkey em São Paulo, expondo a diversidade da Cultura Japonesa, abrangendo a totalidade de suas províncias", afirma o presidente da Comissão Executiva do Festival do Japão, Juniti Miyahara.

Para o presidente da Assembléia, deputado Walter Feldman, "São Paulo contém o mundo entre suas fronteiras e o Festival do Japão é uma prova disso". Neste ano, cada uma das províncias participantes teve dois estandes em que, através da exposição de produtos da culinária e do artesanato típicos de sua região, mostraram um pouco da sua identidade cultural. As atrações artísticas e culturais ocorreram no sábado e no domingo, perfazendo um total de aproximadamente 15 horas de shows. Visando colaborar com o Fundo de Solidariedade do Estado de São Paulo, as entidades integrantes do Kenren recolheram dois mil agasalhos e cerca de seis toneladas de alimentos não- perecíveis, que foram encaminhadas a entidades assistenciais de todo o Estado.



EXCEPCIONAIS

Semana do Excepcional

O parlatório da Assembléia Legislativa foi palco do lançamento da 38ª Semana Nacional do Excepcional, em 21 de agosto, organizada por entidades que trabalham com portadores de deficiências. O movimento, intitulado Inclusão em Ação - O Mundo em Movimento, Cidadania em Tempo, teve como objetivo dar voz às pessoas especiais para que reivindiquem os direitos que todo cidadão tem, como educação, lazer, trabalho e saúde.

Presente à solenidade, Jô Clemente, presidente da APAE-SP, exaltou a necessidade de que os portadores de deficiências integrem a comunidade de forma ativa, inclusive no mercado de trabalho. "Convidamos a cidade de São Paulo a ouvir, durante uma semana, a mensagem dessas pessoas. Para isso, precisamos nos unir", afirmou.

O evento reuniu em torno de mil pessoas, entre portadores de deficiências, familiares e profissionais da área. Houve apresentação de alunos da APAE que cantaram e leram textos por eles produzidos. Portadores de deficiência física, visual e auditiva também reivindicaram direitos e afirmaram o desejo de serem respeitados como cidadãos comuns.

Ações culturais, encontro para discussão de plataformas políticas dos presidenciáveis, evento científico, lançamento do Manual de Direitos Fundamentais da Pessoa Portadora de Deficiência, lazer e esporte foram algumas das atividades da Semana do Excepcional.

Apoiaram o movimento as seguintes entidades: APAE-SP, AACD, AVAPE, APABB, REBRAF, FEBIEX, Sociedade Pestalozzi-SP, LARAMARA, Fundação Dorina Nowill, AHIMSA, Carpe Diem, ADD, ADERE, AAEB, Grupo Brasil, Rede Saci, Revista e Site Sentidos, Rede EntreAmigos, entre outras.

Ao final do evento, todos deram as mãos e abraçaram o prédio da Assembléia Legislativa, em ato cuja finalidade foi representar a união de todos em torno da causa da inclusão do portador de deficiência na sociedade.



MÚSICA

O som da Orquestra de Câmara da Unesp no Palácio 9 de Julho

De março a dezembro, o Hall Monumental do Palácio 9 de Julho recebeu a Orquestra de Câmara da Universidade Estadual Paulista (Unesp). As apresentações fizeram parte de uma série de oito concertos que compõem o projeto artístico Circuito Cidade de São Paulo. Foram executadas, ao longo de todos esses meses, peças do Barroco, do Classicismo, do Romantismo, até chegar ao Modernismo, passando por músicas de compositores latinos, pela música brasileira do período colonial e peças populares brasileiras.

Música do Século XX

Suíça, Inglaterra, Hungria e Brasil. Esse foi o itinerário seguido na curta - uma hora - viagem pela música do Século XX feita pela Orquestra de Câmara da Unesp, sob a regência do maestro Jorge Salim, no quarto concerto da série que mostrou um panorama da história musical desde o período barroco. O concerto bem-temperado, que privilegiou a tonalidade, mostrou a precisão do suíço Harald Genzmer na Sinfonietta, a vivacidade da Sinfonia Simples do inglês Benjamin Britten - sobretudo no segundo movimento, totalmente executado em pizzicatto -, a quase rudeza das Danças Folclóricas Romenas compostas pelo húngaro Bela Bartók e o nacionalismo que toca o figurativo na suíte Petrópolis da Minha Infância, de César Guerra-Peixe.

Programa ousado

A apresentação de um concerto dedicado a compositores latino-americanos deu a oportunidade à Orquestra de Câmara da Unesp, sob a regência do maestro Achille Picchi, de mostrar um programa cuja ousadia não é comum nas salas de concerto paulistas. Ao lado de peças amplamente executadas, como o Prelúdio das Bachianas Brasileiras nº 4, de Villa-Lobos, o sexto programa da série Circuito Cidade de São Paulo trouxe ao Hall Monumental da Assembléia Legislativa, em setembro, obras pouco ouvidas do neo-romântico chileno Alfonso Leng e do argentino Astor Piazzolla.

Destacaram-se na apresentação as Tres Danzas Concertantes, para violão e cordas, obra de juventude do cubano Leo Brouwer, composta em 1958, cujo segundo movimento permitiu um sutil diálogo entre a solista Gisela Nogueira e o spalla Fábio Chamma; a peça O Fundo se Transforma em Sensação, criada especialmente para a série pelo professor de composição da Unesp, Edson Zamponha, representativa da tendência contemporânea de construção e desmontagem de blocos de sons; e o Concertante para clarinete e cordas, com o solista José Luiz Braz, que estreou em 1987, em que os três movimentos, segundo Picchi, seu autor, "registram sentimentos típicos da adolescência".

Peças populares brasileiras

A orquestra encerrou a série de concertos da temporada 2002 do Projeto Circuito Cidade de São Paulo em dezembro, optando pela apresentação que reúne "gêneros bastante representativos da música do Brasil, nos quais se pode reconhecer uma forte inspiração nacionalista, produto das sólidas raízes culturais que distinguem as diferentes regiões brasileiras, incluindo obras de compositores eruditos e populares", declarou o diretor artístico e regente do dia, Carlos Kaminski.

Dentre as peças, destacaram-se O Burrico de Pau, de Carlos Gomes; Seresta, de Sérgio de Vasconcelos Corrêa; Lígia, de Tom Jobim; Joana Francesa, de Chico Buarque; e Nada Será como Antes, de Mílton Nascimento e Ronaldo Bastos. Também foram executados Cururu, de Eduardo Escalante; Ponteio, de Cláudio Santoro; e Velha Modinha, de Oscar Lorenzo Fernandez.

Para encerrar a apresentação, a orquestra executou um baião de César Guerra-Peixe intitulado Mourão.

Temporada 2003

Na avaliação do maestro, o projeto de levar a música aos vários centros de cultura da cidade é importante, devido ao "interesse de divulgar para a comunidade a produção feita dentro da universidade". Quanto à programação da temporada 2003, Kaminski disse que a Assembléia não deve ficar de fora, tendo em vista o sucesso da parceria com a Universidade.

alesp