Opinião - Game Over para a violência e a pedofilia


06/04/2011 15:10

Compartilhar:


Roque BarbierE*



É notório o crescente número dos estabelecimentos que promovem entretenimento, lazer, cultura, educação e prestação de serviços através da internet. São as chamadas lan houses ou os cyber cafés.

Nessa modalidade de serviço, as pessoas pagam pela utilização de computadores, interligados a uma rede local, com acesso à internet. Através dos referidos locais os usuários podem ingressar em jogos eletrônicos diversos, salas de bate-papo, confecção e impressão de documentos, além de desfrutar de todos os sítios disponíveis no mundo digital.

Esses centros de "diversão por computador" chegaram ao Brasil ao final dos anos 90 e representam hoje uma excelente opção de entretenimento para os aficcionados em jogos eletrônicos que gostam de se manter antenados. Sabe-se que a maioria dos frequentadores desses pontos de encontro são jovens. Enquanto esses adolescentes embarcam num ambiente divertido e lúdico, há o que positivamente se considerar.

Ocorre que muitos desses locais não possuem legalização. Embora haja legislação que regulamente a frequência de jovens entre 12 e 18 anos, o assunto ainda precede uma complexa seara. Ora, se é dificultoso fiscalizar cada uma dessas empresas mesmo quando são legalizadas, quanto mais nos casos daquelas que não possuem autorização para existirem.

Por lei, menores de 18 anos são proibidos de acessar pornografia, sob sanção de o estabelecimento pagar multas ou até mesmo ser fechado. No entanto, nossos adolescentes adentram facilmente nas lan houses e acessam, indiscriminadamente, páginas impróprias e incompatíveis para suas idades. Salta-nos aos olhos, diariamente, situações em que nossos jovens e crianças são ludibriados e submetidos às ações criminosas de pedófilos.

Ademais, salientamos que os conteúdos extremamente violentos de muitos jogos não são rechaçados e abstraídos desses locais, independente da idade de quem os acessa. Em tempos de outrora, esse tipo de jogo tinha de ser comprado e, portanto, era apenas utilizado com o consentimento dos pais. Atualmente, esses entram nos nossos lares sem que percebamos e daí a importância da fiscalização da família. Porém, quando não permitidos no interior de suas casas, os adolescentes saem em busca dessa diversão e os locais escolhidos são esses centros. Há obviedade em analisar que se os nossos jovens vivem, ainda que na ficção, uma violência continuada, trarão para seus cotidianos essa experiência.

Não obstante a legislação vigente, é mister a adoção de medidas que coíbam, ao máximo, essa acessibilidade tão facilitada. A infância e juventude devem ser tratadas como absoluta prioridade e precisam do cuidado obrigatório e irrestrito da família, da sociedade e do Estado, conforme o imperativo constitucional do artigo 227 da nossa Carta Magna.

Nesse viés, ainda, os atos delituosos e ilícitos inseridos no âmbito da pedofilia e da violência configuram uma fragilidade social evidente e perigosa.

Em um mundo tão cibernético, é necessária a conexão de esforços entre autoridades competentes, sociedade e família para que se estabeleçam propostas que não mais apenas tangenciem, mas que alcancem, definitivamente, a proteção diferenciada, especializada e integral para crianças e adolescentes. Ao final, o que precisamos mesmo é darmos um game over na violência e na pedofilia.



*Roque Barbiere é deputado estadual na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo pelo PTB.

alesp