Opinião " Metrô em São Paulo: atrasado, superlotado e superfaturado


29/03/2012 11:21 | Alencar Santana*

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O metrô de São Paulo, sistema de transporte urbano que já foi motivo de orgulho da população da cidade, hoje provoca desconforto, atrasos e receios com as constantes panes e nos últimos tempos é alvo de investigações por desvios de recursos públicos, em licitação conduzida pelo governo do PSDB no Estado.

Há tempos São Paulo tem trânsito caótico, travado, é muito difícil ir de um ponto a outro sem perder muito tempo na locomoção, seja ela feita por meio de automóvel ou ônibus.

Isso porque sucessivos governos do PSDB optaram por viabilizar o transporte individual na cidade, priorizaram a construção de grandes vias, túneis e viadutos, a exemplo da nova marginal do Tietê, na gestão do ex-governador José Serra, sem falar nos pífios investimentos no metrô, principalmente nas primeiras administrações do governo Alckmin, além dos esquemas de desvios a que os tucanos submeteram o Metrô.

É senso comum em todas as megalópoles o metrô como solução para transportar as superpopulações. São Paulo tem 11 milhões de habitantes, com 7 milhões de automóveis; o metrô e os corredores de ônibus são os caminhos a serem trilhados por gestores públicos, se forem comprometidos com mobilidade urbana e com a qualidade de vida da população.

Nos últimos 16 anos a média de construção de metrô em São Paulo foi de apenas dois quilômetros ao ano pelo governo estadual. A cidade de São Paulo fez apenas 2,7 quilômetros de corredor de ônibus desde 2005 e o Expresso Tiradentes até a Vila Prudente, com recursos federais.

É muito pouco, se observarmos os modelos adotados em outras megalópoles, como a cidade de Xangai, que começou a construção do metrô em 1995 e atualmente possui 420 quilômetros de rede, com oito linhas e 162 estações. O objetivo é chegar até 2020 com 877 quilômetros. O metrô de Pequim era incipiente na década de 1990 e hoje conta com 336 quilômetros, e a previsão é chegar até 2015 com 561 quilômetros.

Outra comparação que deixa o governo estadual nervoso é com o metrô do México, que teve início junto com o de São Paulo e atualmente conta com 200 quilômetros de rede, 11 linhas e 175 estações. Segundo o governo de São Paulo, as linhas são de superfície e os trens são feios.

O metrô de São Paulo tem apenas 74,3 quilômetros, com três linhas prontas, a linha 1-Azul (Jabaquara "Tucuruvi), a 2-Verde (Vila Madalena"Vila Prudente) e a 3-Vermelha (Itaquera"Barra Funda) ; uma parcialmente pronta, a linha 4-Amarela (Butantã"Luz) e uma com menos da metade construída, a linha 5-Lilás (Capão Redondo"Largo Treze).

Em média são 148 mil habitantes por quilômetro de metrô instalado em São Paulo, enquanto a média da cidade de Santiago, com 101 quilômetros de rede, são 49 mil pessoas por quilômetro de metrô. Se compararmos o metrô paulista com o de Londres, pela média de população por quilômetro implantado, devíamos ter 500 quilômetros de rede; com Santiago do Chile, a conta chega a 224 quilômetros . O déficit em São Paulo é enorme.

Diante da ineficiência e desvios de recursos, o povo de São Paulo é penalizado com superlotação e constantes panes, provocadas pelo sistema sobrecarregado. (mlf)



*Alencar Santana é líder da bancada do PT na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.

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