Opinião - Tristeza sim, melancolia, não

Chico e Millôr: embora tenham partido para outra dimensão, não há como esquecê-los
29/03/2012 17:08 | Edinho Silva*

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Março vai terminar um tanto triste. Na semana passada, perdemos Chico Anyzio, o maior criador de personagens do país e inspirador de toda uma geração de humoristas. Hoje, a imprensa noticia a morte de Millôr Fernandes.

Cada um ao seu modo, ambos foram de grande significado para a arte e a cultura do país. Chico por retratar, por meio dos seus mais de 200 personagens, as contradições do povo brasileiro. Millôr, por outro lado, fez do humor sua trincheira de combate à ditadura e levou seu estilo refinado a todo o país nas páginas no Pasquim, do qual foi um dos fundadores.

Como Chico Anysio, que fez rádio, televisão, escreveu para jornais, publicou livros, compôs músicas, integrou grupo musical e era pintor nas horas vagas (ele ainda as tinha!), Millôr Fernandes também era multimídia. Desde quando iniciou a carreira, aos 14 anos, na revista "O Cruzeiro", era um conciliador de tarefas. Atuou como tradutor, jornalista, autor de teatro e pintor. Foi o principal tradutor das obras de Shakespeare para o Brasil e, aos 88 anos, partiu, admirado por uma legião de internautas, com mais de 285 mil seguidores no Twitter, gente apaixonada por seu estilo inconfundível, exposto em textos e cartuns que ultimamente publicava em seu site pessoal.

O mês de março acaba triste, mas não melancólico. Com humor, Chico deve ter recebido Millôr para uma primeira conversa em que falam da mudança em suas existências. Sim, porque embora tenham partido para outra dimensão, não há como esquecê-los. Afinal, na política, no futebol, no bar, na faculdade, no trabalho ou nos almoços de domingo, sempre haverá motivos para uma boa piada.



*Edinho Silva é deputado estadual e presidente do PT do estado de São Paulo

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