Opinião - Dois lados - um só caminho


09/04/2012 17:40 | Antonio Salim Curiati

Compartilhar:


*Tenho uma experiência na vida pública de dez mandatos parlamentares, nove como deputado estadual e um como deputado federal constituinte. Também já fui prefeito de uma das maiores cidades do mundo, a querida São Paulo. Só isso já me credenciaria a afirmar que vi quase tudo na política e que pouca coisa me deixaria perplexo, mas hoje encontro-me triste e preocupado quanto a um futuro próximo.

Estou profundamente amolado com o que vem acontecendo na Assembleia Legislativa nos últimos meses, ou seja, falo da tentativa de alguns parlamentares em estabelecer uma rede de intrigas contrapondo dois políticos: o deputado Campos Machado, presidente estadual e líder do PTB na Alesp, e Geraldo Alckmin, eminente governador de São Paulo.

O pano de fundo dessa situação é a indicação de um conselheiro para o Tribunal de Contas do Estado (TCE). A legislação estadual é clara, o Supremo Tribunal Federal confirmou, ao definir que caberá à Assembleia paulista a indicação do próximo nome. Infelizmente, parece que o Palácio dos Bandeirantes tem outro entendimento do assunto.

O deputado Campos Machado, que dentre suas inúmeras responsabilidades é o presidente do Conselho de Prerrogativas Parlamentares, conselho este (do qual faço parte orgulhosamente) que trouxe visibilidade e prestígio aos seus pares, estabeleceu um diálogo com os deputados de todos os partidos e obteve um consenso quanto a indicação do deputado estadual Jorge Caruso (PMDB) para ocupar o cargo de conselheiro do Tribunal de Contas na vaga decorrente da aposentadoria de Eduardo Bittencourt Carvalho.

Depois de um tempo, já com a indicação do deputado Caruso acertada, tomei conhecimento da notícia de que o governo estadual tinha outro candidato à mesma vaga e que a escolha havia recaído no caro deputado federal Dimas Ramalho (PPS-SP).

Até esse momento nenhuma crise estava ocorrendo, havendo única e exclusivamente duas posições a respeito da indicação mencionada: de um lado a que pretendia a ocupação do cargo por um deputado estadual e com isso prestigiar a Assembleia Legislativa; e de outro a indicação de um deputado federal, igualmente respeitado e reconhecido por sua inegável atuação política.

Tenho absoluta certeza de que Campos Machado não é pessoalmente contra a indicação de Dimas Ramalho, dada a amizade existente entre eles. A sua argumentação é no sentido de que, sendo essa uma prerrogativa da Alesp, dos seus deputados, não se justifica que estes tenham que abrir mão desse direito.

Já tive a oportunidade de dizer ao governador Alckmin que o deputado Campos Machado é um político leal, que sempre demonstrou sua admiração pelo governador. A minha preocupação, maior que todas as outras, é tentar impedir que as intrigas e este caso, pontual e isolado, cheguem a prejudicar de alguma maneira essa amizade e respeito existentes, por mais de 15 anos, entre dois políticos de renome e projeção estadual e nacional.

Solicito a todos, principalmente aos líderes partidários e aos deputados da Casa, que não permitam que esse confronto tenha prosseguimento; e principalmente, que o grande presidente Barros Munhoz e o líder do Governo, Samuel Moreira, num esforço coletivo, ajudem a restabelecer a união, para que juntos possamos encontrar uma solução para questão tão pequena, mas que se tiver continuidade poderá trazer prejuízo ao Legislativo e ao Executivo. Digo isso porque sempre defendi a harmonia e a independência dos poderes.

Espero realmente, que essa discórdia não cause, como disse antes, nenhum prejuízo à amizade entre esses dois políticos, que hoje se colocam em lados opostos, mas que certamente continuarão seguindo por um único caminho com total entrosamento.



*Antonio Salim Curiati é médico, deputado estadual e líder do PP na Assembleia Legislativa de São Paulo





O Supremo Tribunal Federal confirmou que caberá à Assembleia paulista a indicação do próximo nome

alesp