Opinião " Necessidade x descaso


28/05/2012 10:27 | Ana do Carmo*

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A situação do transporte público em São Paulo beira o apagão e quem sofre com essa situação são os mais pobres, que levam duas horas ou mais para chegar ao trabalho.

E a explicação é simples: descaso. Nenhum corredor de ônibus foi implantado na capital desde 2006 e, em 17 anos de tucanato no governo do Estado, menos de 30 quilômetros de metrô foram construídos.

O pior é que tentam empurrar goela abaixo que nunca se investiu tanto em transporte público, com repetidas e caras propagandas nos meios de comunicação. Quimera, conversa para boi dormir.

Vamos aos fatos: o governo do Estado anunciou há anos a conclusão da linha 4 " Amarela para 2010. Passados dois anos desse prazo ainda faltam ser entregues cinco estações. A expansão da linha 5 " Lilás até o Hospital M"Boi Mirim está prevista somente para 2020 e as demais linhas ainda não saíram do papel. As obras do monotrilho entre o aeroporto de Congonhas e o Morumbi mal foram iniciadas e apenas dois quilômetros da linha entre a Vila Prudente e Cidade Tiradentes serão entregues somente no ano que vem!

E os trens da CPTM? O governo do Estado não se cansa de dizer que temos hoje um serviço muito melhor, similar ao metrô. Como assim? As paralisações são constantes e o próprio secretário de Transportes Metropolitanos admitiu, em reportagem ao jornal Folha de S. Paulo, no final de março deste ano, que o governo Alckmin não estava preparado para tantos passageiros.

Os moradores da capital estão sem esperança. Não há nenhum planejamento. A administração do prefeito Kassab prometeu quase 70 quilômetros de corredores de ônibus. Quantos foram implantados? Nem meio metro! Além disso, a prefeitura só repassou parte dos recursos que se comprometeu para a expansão do metrô e não cobra do governo do Estado explicações sobre onde foram investidos os valores transferidos. Não faz, repassa dinheiro e não quer saber como os recursos estão sendo utilizados. Isso é puro descaso e falta total de planejamento!

E quem precisa utilizar os micro-ônibus que circulam na periferia, então? Segundo pesquisa da Associação Nacional de Transportes, 24% desses passageiros se sentem desrespeitados pelas péssimas condições dos serviços e 45% dos usuários ligam a violência à superlotação dos veículos.

Para mudar essa situação é preciso sair dessa imobilidade dos governos que estão aí. Mobilidade urbana levada a sério pede planejamento e um sistema moderno no qual ônibus, trens, metrô e monotrilho estejam integrados. Um bom transporte público é garantia de qualidade de vida para a população, de redução do trânsito e da poluição do ar. Chega de paralisia!



*Ana do Carmo é deputada estadual pelo PT.

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