Opinião " O caminho para um futuro melhor


05/06/2012 12:05 | Welson Gasparini*

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Embora tenhamos algumas escolas boas e bons professores garantindo a transmissão de um bom ensino, tomei conhecimento e fiquei impressionado com algumas estatísticas sobre a questão educacional em nosso país. Em termos gerais, lamentavelmente, a educação brasileira vive uma situação deplorável e quem afirma isso não sou eu, mas os próprios acontecimentos divulgados pela imprensa, a exemplo do verificado em concurso da Ordem dos Advogados do Brasil.

Em recente concurso da OAB, foram reprovados 92,8% dos 20 mil candidatos bacharéis em direito. Isto é, dos 20 mil candidatos inscritos, praticamente 19 mil não poderão exercer a profissão de advogado.

Segundo o presidente da OAB de São Paulo, Flávio Borges D"Urso, "grande porcentagem desses bacharéis em direito não sabem regras gramaticais básicas como conjugar verbos ou aplicar o plural nas palavras". São pessoas de nível universitário, aprovados como bacharéis em direito nas nossas faculdades sem saber, sequer, colocar palavras no plural ou conjugar verbos; prova disso é o fato de muitos deles, apesar do diploma de bacharéis em direito, migrarem para profissões diversas porque não estão preparados para exercer a advocacia. Infelizmente isso acontece nas faculdades de direito de todo o país e não só nas faculdades de direito do Estado de São Paulo, o mais rico do país; portanto, com a responsabilidade de ser o Estado mais desenvolvido.

Isso, eis outro detalhe significativo, não acontece apenas nas faculdades de direito. Em 2009, o governo do Estado de São Paulo fez uma prova de seleção para contratar professores para o ensino básico com a participação de 181 mil candidatos: 88 mil deles foram reprovados porque não alcançaram a nota mínima para lecionar!

Atentemos para os números: 88 mil candidatos a professores foram reprovados porque não conseguiram, sequer, alcançar a nota mínima!

O caso mais grave ocorreu em 2008, quando 8 mil professores temporários do Estado de São Paulo foram submetidos a um teste e não acertaram uma única questão das 25 aplicadas...

O que acontece com as instituições de ensino responsáveis pela formação dessas pessoas?

Há pouco tempo ouvi a declaração de um médico, líder da classe no Estado de São Paulo, afirmando: se um exame, nos moldes da OAB, fosse aplicado aos formados em medicina, muitos não poderiam exercer a profissão porque não estariam qualificados para tanto; mas, mesmo diante desse quadro, continuam abrindo faculdades no nosso país!

Temos a falsa impressão de que o Brasil está progredindo na área educacional quando, na realidade, isso não acontece.

Além desse triste quadro, a Unesco traz uma estatística mostrando o Brasil como o país com o maior índice de repetência no ensino fundamental de toda a América Latina. Fico irritado, assim, quando ouço pronunciamentos de certos políticos apontando o Brasil como, atualmente, a sexta maior economia mundial, mesmo diante desses dados referentes à educação. A educação, não canso de proclamar, representa o desenvolvimento e progresso de um país. Uma nação que não se firma através da educação, mesmo sendo privilegiado o seu desenvolvimento econômico, não tem futuro e está fadada ao fracasso,

Portanto, em pronunciamento recente da tribuna da Alesp fiz um apelo a todos os meus colegas parlamentares para fazermos o possível no sentido de dotar a área da educação de todos os recursos necessários (inclusive proporcionando bons salários aos professores e promovendo critérios de avaliação nos quais seja priorizados o mérito) como meio de favorecermos o surgimento de novas gerações aptas a construir o novo Brasil por todos nós desejado!

O caminho para um futuro melhor, decididamente, tem o seu primeiro passo num ensino melhor!



*Welson Gasparini é deputado estadual pelo PSDB, advogado e ex-prefeito de Ribeirão Preto.

alesp