Opinião - Educação: o futuro em jogo


15/06/2012 10:40 | Gilmaci Santos*

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Neste mês chamou-me a atenção uma crítica sobre a educação mundial feita pelo escritor e colunista venezuelano Moisés Naím. Segundo ele, a educação vem sendo apresentada como a solução para todos os problemas, de pobreza e corrupção a criminalidade e insegurança. Mas se a importância da educação é tamanha, se ela realmente pode desencadear o crescimento de uma nação e resolver os problemas mais preocupantes, porque então não é dada a prioridade que lhe cabe?

Mas a educação não tem estado em níveis preocupantes apenas por aqui. Entre 2000 e 2006, o desempenho dos estudantes do ensino secundário em termos de leitura piorou de maneira significativa em países bem desenvolvidos como Espanha, Japão, Itália e França. Parece mesmo que o problema educacional tem invadido inúmeras nações.

Mas então o que fazer para melhorar a educação? Mais investimentos? Mais professores? Menos alunos por classe? Mais tecnologia nas salas de aula? Ninguém conseguiu obter nenhum resultado conclusivo a esta questão. Singapura, por exemplo, é considerado o país com os melhores estudantes do mundo, mas, em contrapartida, é um dos que menos gastam com ensino primário. Localizado no Sudeste Asiático, Singapura possui, aproximadamente, 4,6 milhões de habitantes e tem uma verdadeira mistura de culturas, como a chinesa, indiana, malaia e muçulmana, mas mesmo assim vem obtendo bons resultados. Então qual é a solução?

Para a psicopedagoga Edimara de Lima, que possui diversos artigos, estudos e entrevistas sobre a questão da educação na atualidade, novos tempos precisam de novas soluções. "As escolas ficaram no século XIX, os professores ainda estão no século XX e os alunos já estão no século XXI", afirmou ela em participação de um debate sobre o bullying e outras violências na escola. Assim como Edimara percebo que as escolas parecem não dar conta das mudanças recentes e não procuram se adaptar a isso, além disso, temos nos preocupado demais com os investimentos financeiros na educação, quando, na verdade, de nada eles adiantam se não forem bem destinados e utilizados.

Mas é claro que os investimentos precisam acontecer. Segundo números do balanço mais recente do Siope, sistema eletrônico vinculado ao FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação), em 2010, 52 cidades e dois Estados brasileiros não aplicaram o mínimo exigido pela Constituição em educação - 25% da receita. Ou seja, a educação realmente não tem sido valorizada em nosso País.

As escolas tem um papel fundamental nos processos formativos de nossas crianças e adolescentes, mas não é sobrecarregando os estudantes de informações que formaremos um cidadão crítico e autônomo " esse sim agente modificador da sociedade. Como diria o educador e filósofo brasileiro Paulo Freire (1921-1997): "Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção". Realmente, este pensador é um grande exemplo de quem entendia a importância da educação em nossa sociedade.

Além de valorizada, a estrutura e o espaço educacional também precisam ser reinventados, pois muitos modelos parecem estar ultrapassados em uma época em que tudo se modifica o tempo todo e que nem sempre o pensamento linear é o mais correto, mas o sistêmico - uma forma de abordagem da realidade que surgiu no século XX para tentar dar conta das complexidades da atualidade.

Assim como a nossa língua, as ciências e a tecnologia vêm se modificando constantemente, a educação também precisa se adaptar e tentar encontrar uma alternativa mais eficaz, inclusive o professor, este protagonista precisa se reinventar e atualizar seus conhecimentos permanentemente, de acordo com cada grupo de alunos. Mas é claro que tudo isto exige investimentos em longo prazo. A educação precisa de um novo rumo e devemos começar agora!



*Gilmaci Santos é deputado estadual pelo PRB e líder da bancada na Assembleia.

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