Opinião - A propósito da educação e do PIB


16/07/2012 17:39 | Welson Gasparini*

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Causou polêmica, para dizer o mínimo, a frase da presidente Dilma na última quinta-feira, 12/7, durante a 9ª. Conferência Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, logo no dia em que o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) reforçava a percepção da estagnação do sistema produtivo brasileiro: "Uma grande nação deve ser medida por aquilo que faz para as suas crianças e adolescentes. Não pelo seu PIB". É uma frase, sem dúvida, feliz dentro de um contexto infeliz: a economia brasileira não vai bem!

A presidente Dilma, conforme lúcida análise do jornalista Celso Ming no Estadão do último domingo, tenta, no jogo de palavras, justificar o fracasso da sua política econômica. Justamente ela que passou a metade deste ano apostando no crescimento da atividade econômica da ordem de 4% a 5%, índice realmente auspicioso num cenário internacional cinzento.

Ao fazer o jogo do contente, a presidente considera importante não o tamanho do PIB mas, sim, a pujança dos indicadores sociais. No entanto, o Brasil não pode se gabar de indicadores sociais e isto pode ser avaliado por quem queira girar pelo centro das principais metrópoles brasileiras onde salta aos olhos " contrariando a fala presidencial " o abandono de crianças e jovens.

No item educacional, conforme tenho focalizado até com certa insistência em meus pronunciamentos na tribuna da Assembleia Legislativa, o desempenho brasileiro é lamentável: ocupamos atualmente o 88.º posto entre os 127 países que compõem o ranking da Unesco, atrás mesmo de Equador, Bolívia e Venezuela. Já na última avaliação de estudantes feita pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, também foi desastrosa a participação do nosso país: entre 65 concorrentes, não passou do 53.º lugar tanto em compreensão de leitura como em ciências, e do 57.º, em matemática.

O Congresso acaba de aprovar investimento de 10% do PIB para a educação até 2020, mas o problema não é apenas de dinheiro. O que pesa mais não é a insuficiência de verbas públicas mas, sim, a baixa qualidade do gerenciamento dos recursos disponíveis. Conforme feliz imagem do jornalista Ming, o puro aumento de recursos nas instituições existentes seria o mesmo que armazenar vinhos bons em tonéis deteriorados.

O governo brasileiro peca pela falta de rumos porque, mesmo com recursos orçamentariamente disponibilizados, sequer consegue aplicá-los, por grave deficiência gerencial.Tudo isto porque, infelizmente, a educação neste país não tem merecido a prioridade devida, a partir dos salários desestimulantes que acabam desviando do magistério publico ou privado algumas das nossas melhores vocações.

Um país melhor, não canso de reiterar, começa com uma educação estruturalmente melhor: estudantes bem preparados acabam se tornando bons cidadãos e eficientes gerentes de seus próprios destinos.

alesp