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Opinião - Gasolina x álcool: números preocupantes

"Faltam ações concretas no sentido de estimular-se a produção da cana-de-açucar"
03/08/2012 16:08 | Welson Gasparini*

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A Petrobras informa que o consumo de gasolina no país acaba de superar meio milhão de barris por dia, com expansão de 7% desde janeiro, em função de dois fatores: o primeiro é o aumento da frota de carros e veículos comerciais leves, com o emplacamento de 351 mil unidades só no mês de julho; o segundo, o fato de que, nos veículos "flex", a gasolina está sendo preferida pelo consumidor à razão de oito litros para um.

A importação da gasolina bate recordes, e as usinas adiam projetos de expansão. O quadro nos mostra uma realidade preocupante: o Brasil, maior produtor de etanol do mundo, não sabe valorizar um produto ecologicamente correto, renovável e 100% nacional, a atola-se na importações de um produto poluente e não renovável. É inegável a situação de insensatez por parte do governo diante da realidade energética do mundo: enquanto os Estados Unidos e os países europeus buscam alternativas à substituição da gasolina, o Brasil abandona o etanol à sua própria sorte, levando a falta de estímulo a um setor que deveria, por sua importância estratégica, não apenas ser valorizado como, sobretudo, estimulado.

Participei, em Sertãozinho, de uma reunião entre os prefeitos dos municípios canavieiros, na qual as preocupações da indústria e da agricultura ligadas à cana foram expostas com a necessária clareza. Faltam, lamentavelmente, ações concretas no sentido de estimular-se a produção da cana-de-açucar, considerando seu papel fundamental na geração de emprego e renda, não apenas na a região de Ribeirão Preto, mas em todo o Brasil. Se temos, no pais, um substituto natural para a gasolina, produzida por petróleo importado " com ônus significativos à nossa balança de pagamentos " por que fechar os olhos a uma realidade tão próxima e incômoda?

O governo federal acerta ao adotar medidas de estímulo à Economia, como no caso da redução do IPI para veículos automotores - e bens semi e não duráveis. Ainda assim, houve recuo de 12,5% na produção de bens de capital; de 9,4% na de bens de consumo duráveis, e de 2,5% na de bens intermediários. A balança comercial brasileira abriu o segundo semestre com superávit de US$ 2,879 bilhões, segundo maior saldo deste ano (em maio, US$ 2,950 bilhões), mas não muda a situação precária do comércio externo brasileiro, que registrou, ao final de junho, o pior resultado semestral dos últimos dez anos.

Essas bondades sazonais, no entanto, como o tipo da redução de custos com folhas de pagamentos em 15 setores da economia, minimizam mas não resolvem os problemas gerados por uma legislação trabalhista anacrônica e pelo paternalismo estatal interferindo em uma falsa economia de mercado, em que quem produz é sacrificado em beneficio de quem especula.



*Welson Gasparini é deputado estadual pelo PSDB, advogado e ex-prefeito de Ribeirão Preto.

alesp