Opinião - Sistema ferroviário paulista tem que entrar na linha


07/08/2012 15:42 | Mauro Bragato*

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Recomeçam no segundo semestre os trabalhos da Frente Parlamentar em Defesa da Malha Ferroviária Paulista, lançada em novembro do ano passado. Desde então, realizamos três reuniões com os plenários sempre lotados de gente interessada no assunto. São prefeitos insatisfeitos com o relacionamento com a concessionária da malha paulista, vereadores querendo reativar ramais há muito tempo parados, especialistas dissecando os problemas ferroviários no Estado, sindicalistas, técnicos e cidadãos apaixonados pelo tema.

E olha que não são poucos os que guardam na lembrança os longos e belos passeios na Sorocabana, Santos-Jundiaí, Mogiana, Araraquarense e nos diversos trechos de transporte de passageiros, trens turísticos etc. Os mais jovens podem não ter isso na memória mas, com certeza, já ouviram histórias de gente que viveu o balanço suave das composições que serpenteavam pelo interior do Estado afora.

Enfim, não só por saudosismo, mas também por defesa de uma questão econômica, assumimos, desde 2010, quando fomos relator da CPI das Ferrovias, a defesa da retomada do crescimento da malha ferroviária paulista. O transporte ferroviário é muito mais barato que o transporte por rodovia e queremos aproveitar o que restou da malha após a privatização da Fepasa e de sua transferência para a Ferrobam, hoje América Latina Logística " ALL.

Estamos trabalhando para encontrar soluções para essa expansão. Hoje, a situação, com pequenas exceções, é de abandono e sucateamento. As ferrovias paulistas, privatizadas, parece que estão fora dos trilhos e estamos lutando para colocá-las na linha novamente. Vemos estações depredadas, máquinas enferrujando, pátios entulhados de composições, trilhos amontoados e material abandonado. Segundo a própria ANTT, agência reguladora encarregada de fiscalizar as concessionárias, os principais problemas da malha paulista estão concentrados nas linhas operadas pela ALL.

E nós, com a ajuda dos demais deputados que compõem a frente, concentramos nossa ação no Estado de São Paulo, mas a situação é a mesma em todo o território nacional. A malha ferroviária brasileira tem hoje por volta de 28 mil quilômetros de extensão, porém, a ANTT acredita que somente 10 mil quilômetros são competitivos e os 18 mil restantes são subutilizados ou nem sequer são utilizados. Além disso, 90% da malha têm mais de 100 anos.

Dessa vertente histórica vale ressaltar que as atividades de transporte ferroviário de carga no Brasil tiveram papel importante na história do país. Hoje não é isso que se vê. Com o advento da indústria automobilística priorizou-se o transporte rodoviário e abandonou-se a ferrovia. Enquanto um caminhão transporta, no máximo, 35 toneladas, um único vagão transporta, em média, 130 toneladas.

Todos esses dados têm sido discutidos em nossos encontros e ainda há muito mais para se debater. Sabemos que o trabalho é difícil e estamos só dando a partida. Nossa estação de destino é ampliar a discussão, fazer com que o assunto ferrovia entre na pauta dos investimentos dos governos estadual e federal, que entre no rol das políticas para o desenvolvimento regional e que assuma um lugar de destaque no cenário paulista.

*Mauro Bragato é deputado estadual pelo PSDB e coordenador da Frente Parlamentar em Defesa da Malha Ferroviária Paulista.



"O transporte ferroviário é muito mais barato que o transporte por rodovia"

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