Opinião: Vacina contra o HPV: precisamos imunizar São Paulo

Vacina é quase 100% eficaz e é fundamental para a prevenção do câncer de colo uterino
15/08/2012 17:39 | Gilmaci Santos*

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Na última semana aconteceu o 1° Encontro Catarinense de Experts em HPV. O evento aconteceu na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e serviu também para comemorar os dez anos de fundação do Centro de Pesquisa Clínica Projeto HPV do Hospital Universitário. A universidade iniciou uma campanha de vacinação anti-HPV e dará descontos para a comunidade acadêmica.

O encontro é importante para que as pessoas vejam o quanto a vacina é fundamental para a saúde da mulher. Pensando nisso, em 2008, apresentei o PL 287, que autoriza o Poder Executivo a disponibilizar, nas unidades de saúde do Estado, a vacina contra o papilomavírus humano (HPV) e o câncer de colo de útero. A propositura foi bem recebida pela imprensa e também pela população, inclusive por homens preocupados com a saúde de suas filhas e esposas.

Segundo especialistas, a vacina é quase 100% eficaz e é fundamental utilizá-la na prevenção do câncer. Como em qualquer área, avalia-se também o custo-benefício dos medicamentos, e tenho certeza que a importância desta vacina supera qualquer valor considerado alto para alguns. Está em questão o futuro de muitas mulheres que poderão evitar o câncer de colo de útero.

Durante o evento da UFSC, o professor de ginecologia e obstetrícia e chefe do Centro de Pesquisa, Edison Fedrizzi, falou sobre a importância do evento para a comunidade e deu ênfase a necessidade de o sistema público de saúde oferecer gratuitamente a vacina contra o vírus. O especialista também disse que o Brasil precisa seguir o exemplo dos países desenvolvidos que já fazem isso. Segundo Fedrizzi o investimento nas vacinas preventivas torna-se menor que o custo para o tratamento da doença já desenvolvida e essa economia pode destinar mais recursos para o estudo sobre HPV.

Concordo com o professor, a prevenção ainda é a melhor forma de diminuir a incidência de certas doenças. Espero que o projeto apresentado aqui na Assembleia Legislativa seja aprovado, porque a distribuição gratuita deste medicamento será útil para nossa comunidade. Infelizmente, já ouvi de alguns especialistas que isso não ocorrerá porque custará valores vultosos aos cofres públicos. Ainda assim, o beneficio supera o custo, além disso, é possível fazer parcerias com universidades e centro de pesquisas, algo que diminuiria o valor do produto.

A infecção pelo HPV é uma doença transmitida sexualmente e pode afetar homens e mulheres, se não tratada, pode evoluir para o câncer de colo de útero. Há uma centena de tipos de HPV, mas a maioria das infecções é causada por apenas quatro deles. A vacina quadrivalente contra HPV é a única que protege contra os quatro sorotipos do papilomavírus humano. Mesmo não existindo levantamento exatos sobre casos de HPV no País, especialistas estimam que a doença afetou ou afetará 75% da população.

Em março, a vacina foi distribuída gratuitamente em escolas de Catalão, cidade localizada no sudeste de Goiás. Cidades como Araraquara, Itu, São Francisco do Conde (BA) e São Pedro de Alcântara (SC) já disponibilizaram a vacina na rede pública de saúde por certo período. Esses são municípios exemplo para nós. São Paulo não pode ir à contramão da necessidade de nossa população. Vou continuar lutando pela aprovação do PL aqui na Casa e também pela sanção do governo do Estado.



*Gilmaci Santos é deputado estadual pelo PRB e líder da bancada na Assembleia.

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