Opinião - Modismo ecológico


09/11/2012 18:09 | Vitor Sapienza*

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É antigo o ditado de que, em terra de cego, quem tem um olho é rei. Passa o tempo, mudam-se os costumes, mas o ditado continua atual. O que muda é a maneira de como devemos adequá-lo aos nossos dias. Sei que algumas das comparações aqui usadas como exemplo deverão provocar descontentamento entre algumas pessoas, no entanto, espero que entendam que, depois de muitos janeiros, temos o direito de expressar a nossa opinião, em que pese os contrários que devem ser muitos.

Quando surgiu a penicilina, ela foi considerada a cura definitiva para todos os males; qualquer problema de saúde, qualquer enfermidade, qualquer fato anormal e surgia a receita corriqueira, repetitiva: tome penicilina! Dava-se o conselho com a mesma naturalidade dos cartazes de propaganda de um refrigerante conhecido no mundo inteiro.

Não vamos aqui criticar essa postura, até mesmo porque ficou comprovada a eficácia da penicilina, e a evolução dos antibióticos aí está, provando que muitas das sugestões ouvidas no passado até que poderiam estar corretas. O que vamos criticar é o modismo, cultuado e aceito em todas as camadas da sociedade como algo normal e verdadeiro.

Quantas vezes não ouvirmos, nos dias de hoje, que a pessoa está com uma virose. Virose, termo que ganha corpo na área médica, muitas vezes para justificar o que o profissional da saúde não consegue identificar. E perguntamos, fazendo a comparação: não estaremos voltando ao tempo do lançamento da penicilina?

Não estamos preocupados com a resposta, até mesmo porque o objetivo do texto é outro. É exatamente comentar outro termo, tão comum nestes dias de desmatamento em progressão aritmética, e folclore em progressão geométrica. Folclore, isso mesmo. E sei que o termo não será aceito, mas confesso que não encontrei algo que substituísse a pirotecnia usada por ecologistas interessados em denegrir a nossa imagem, aqui e no exterior.

Ecologistas de escritório, pessoas que nunca viram um pé de couve, que confundem um coqueiro com um ipê florido, usam a mídia para difundir as suas ideias, ou na defesa de interesses pouco ou nada definidos. Adeptos da palavra de plantão, sustentabilidade, eles estão no "mercado" comercializando ideias sem ideais, argumentos sem conteúdo e o pior, tentando impor os seus interesses como se fossem a coisa mais importante do mundo.

Já cometemos muitos erros, algo normal quando se procura acertar. E entre acertos e erros, já ouvimos educadores que nunca educaram ninguém, psicólogos que precisavam fazer análise, padres falando da educação de filhos como se fossem pais experientes, economistas que não conseguem gerenciar nem a sua conta bancária, especialistas em segurança que têm medo de sair às ruas... E agora, vamos ouvindo os adeptos da tal sustentabilidade, que nem eles sabem o que é, mas que o dizem com tanta convicção que ainda seremos ferrenhos defensores dela.

Vitor Sapienza é deputado estadual (PPS), presidente da Comissão de Ciência, Tecnologia e Informação, ex-presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, economista e agente fiscal de rendas aposentado.

"Ecologistas de escritório, pessoas que nunca viram um pé de couve, que confundem um coqueiro com um ipê florido, usam a mídia para difundir as suas ideias"

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