Opinião - Políticas públicas para melhorar a atenção aos idosos são medida urgente no Estado de São Paulo


18/02/2013 15:32 | Ana Perugini*

Compartilhar:


O Estado de São Paulo e todo Brasil está vivenciando um importante fenômeno demográfico que ainda não foi totalmente percebido pelos poderes públicos, e que pode levar a graves consequências a médio e longo prazos para a qualidade de vida da população. Trata-se do envelhecimento da população, um indicador de melhoria de condições socioeconômicas e sanitárias, mas que está criando novos desafios em termos de construção de políticas públicas.

O envelhecimento populacional já foi verificado nos países considerados mais desenvolvidos, como Estados Unidos, Canadá, países europeus e, principalmente, no Japão. A maior longevidade das pessoas, nesses países, deve-se às melhores condições de vida, sua situação social e de geração de renda, e igualmente aos avanços sanitários devidos a fatores como o desenvolvimento de novas tecnologias em saúde.

Este mesmo processo tem-se acentuado no Brasil nas últimas décadas, e o cenário do Estado de São Paulo, o mais populoso do país, é particularmente preocupante. O envelhecimento populacional também tem sido registrado em território paulista, mas simplesmente não existe uma política pública para atender ao número cada vez maior de pessoas de 60 anos ou mais.

Já não são poucos os casos, hoje, em que idosos, por falta de situação financeira favorável, vivem em condições degradantes para um ser humano. Se a família não tem recursos financeiros suficientes, são razoáveis as chances de que o idoso vá enfrentar dificuldades graves em termos de saúde e em termos de sua qualidade de vida em geral.

Mas esse problema tende a se agravar, em função das projeções demográficas atuais e se continuar a inexistir uma política pública reunindo serviços que garantam à população idosa, em particular aquela mais vulnerável economicamente, condições de envelhecer com dignidade. Estudos da Fundação Seade, ligada ao governo paulista, indicam uma tendência de incremento da esperança de vida ao nascer, indo da média de 73,2 anos entre os homens e 79,2 anos entre as mulheres, em 2010/2015, para 80,2 e 84,7 anos, respectivamente, em 2045/2050.

Até 2050, o contingente de paulistas com 60 anos ou mais será triplicado, enquanto o grupo de pessoas com mais de 100 anos será multiplicado por dez. Em 2050, será de 14 milhões de pessoas o contingente de paulistas com 60 anos ou mais. O grupo de centenários, que era de 3.231 moradores em São Paulo em 2010, será de mais de 35 mil em 2050. Em 2027 o contingente de paulistas com mais de 60 anos já deve ultrapassar o grupo de jovens com menos de 15 anos.

Medidas para assegurar um futuro saudável para a população idosa devem ser tomadas desde já. O estado mais rico e populoso do Brasil não pode esperar que o tempo passe sem formular e colocar em prática uma política pública condizente nesse setor, pois quando chegarmos em 2030 ou 2050 poderá ser tarde demais.



*Ana Perugini é deputada da bancada do Partido dos Trabalhadores (PT) e é coordenadora da Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos da Mulher

alesp