Opinião: A imunidade não pode mais esperar

O medicamento é muito importante para evitarmos gastos futuros com a doença e também para aumentar a qualidade de vida da população
18/03/2013 19:38 | Gilmaci Santos*

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Em 2008, pouco tempo após tomar posse em meu primeiro mandato como deputado estadual, apresentei o Projeto de Lei 287, que autoriza o Poder Executivo a disponibilizar, nas unidades de saúde do Estado, a vacina contra o papilomavírus humano (HPV). Idealizei o projeto por ver que esta ainda é uma grande necessidade de nosso Estado, que tem procurado investir em vacinas para imunizar contra diversas doenças, mas que ainda fica atrás de outros estados quando o assunto é HPV.

Infelizmente, faz cinco anos que essa propositura aguarda aprovação, e, enquanto isso não ocorre, deixamos de utilizar um forte aliado contra uma doença que vem matando milhares de mulheres todos os anos. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) de 2008 mostram que 500 mil mulheres no mundo são diagnosticadas todos os anos com infecções ocasionadas por esses vírus, das quais cerca de 270 mil vão a óbito. Mesmo existindo tratamento para as doenças decorrentes da infecção, a prevenção é o ideal.

Em comparação aos países desenvolvidos, os em desenvolvimento apresentam incidência duas vezes maior e sobrevida média cinco anos menor, isso por causa do diagnóstico tardio. No Brasil, para 2012, o Instituto Nacional do Câncer (Inca) estimou a ocorrência de 17.540 casos novos de câncer de colo do útero, algo como 17 casos a cada 100 mil mulheres.

Não considero esse Estado superior a nenhum outro, mas São Paulo é a terceira unidade administrativa mais populosa da América do Sul, com mais de 40 milhões de habitantes distribuídos em 645 municípios, e a mais rica das unidades federativas do Brasil, assim espera-se que seja exemplo quando se trata de imunização do HPV.

Segundo o Inca, estudos internacionais indicam que entre 50% e 80% das mulheres sexualmente ativas terão algum tipo de HPV. O medicamento é muito importante para evitarmos gastos futuros com a doença e também para aumentar a qualidade de vida da população. A vacina bivalente, por exemplo, é eficaz em 70% dos casos de colo de útero. A Quadrivalente também demonstrou resultados animadores, previnindo 70% dos casos de câncer do colo de útero, 40% do câncer de vulva, 56% de câncer de vagina, 87% dos casos de câncer de ânus e 90% dos casos de câncer peniano.

Atualmente, o PL 287/2008 está pronto para a Ordem do Dia em plenário, enquanto em outros Estados já tiveram início campanhas de vacinação no SUS. No Distrito Federal, meninas de 11 a 13 anos receberão ainda neste ano a vacina contra o HPV. Médicos têm aconselhado a vacina também para meninos, isso por causa dos bons resultados que outros países têm conseguido.

Recentemente o Senado aprovou projeto que propõe a adoção da vacina no SUS, mas a propositura aguarda aprovação na Câmara dos Deputados. Diversos países europeus já disponibilizam a dose gratuitamente, nos Estados Unidos até os homens recebem a vacina contra o HPV. A dose já foi distribuída gratuitamente em diversas regiões do Brasil, como Catalão (GO), Araraquara, Itu, São Francisco do Conde (BA) e São Pedro de Alcântara (SC). Nosso Estado não pode simplesmente se abster desse novo método de combate à doença, muitos casos ainda podem ser evitados com essa ação. Espero ansiosamente a aprovação desta propositura!



*Gilmaci Santos é deputado estadual pelo PRB e líder da bancada na Assembleia.

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