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Opinião - Despoluição do rio Pinheiros

"O mau cheiro do rio Pinheiros afeta a vida das pessoas que moram e trabalham naquela região, e a técnica da flotação oferece resultados rápidos"
07/05/2013 18:56 | Chico Sardelli*

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A despoluição dos nossos rios é um cenário que, tenho certeza, os paulistas sonham em ver. As pessoas de mais idade podem descrever com mais detalhes como eram os rios antes de tanta poluição e como podiam ser desfrutados para lazer da população e a prática de esportes, com provas de travessia a nado e regatas.

A partir da década de 1950, no entanto, esse quadro de beleza começou a mudar. Com o crescimento populacional e a instalação desordenada de indústrias, os rios passaram a receber grande volume de esgoto doméstico e industrial, deixando as águas poluídas e contaminadas. É triste ver publicadas em livros escolares aquelas imagens de espumas de poluição invadindo os rios.

Diante de tanta degradação, a partir da década de 1990 o governo do Estado começou a investir em projetos de recuperação, principalmente do rio Tietê. Ações continuam sendo realizadas, tanto na capital como no interior, com altos investimentos. Para que as águas voltem a ter o mínimo de qualidade, há ainda um longo tempo a ser percorrido e grandes desafios a serem enfrentados.

Muito se falou recentemente sobre a despoluição do rio Pinheiros, que banha a cidade de São Paulo, com nova tentativa do governo de escolher uma técnica para despoluí-lo. É louvável a preocupação do Estado, mas, na minha opinião, não deveria ter sido abandonado o sistema de flotação no curso do rio (Flotflux) em 2011. Entendo que a solução definitiva do problema passa pelo tratamento do esgoto em sua totalidade. Enquanto isso não acontece, a técnica da flotação é uma solução imediata para despoluir o Pinheiros em um tempo menor e com custo menor.

A poluição do rio afeta a vida das pessoas que moram e trabalham naquela região: o mau cheiro é incômodo. Daí a necessidade de aplicação de uma técnica com resultados mais rápidos, como a flotação. O Rio de Janeiro, que tem pressa em arrumar a casa para os Jogos Olímpicos de 2016, tem utilizado esse sistema com a implantação de diversas Unidades de Tratamento de Rios (UTRs).

O Comitê Olímpico Nacional e Internacional escolheram o sistema Flotflux como a tecnologia capaz de tratar no tempo disponível os rios poluídos que deságuam no Sistema Lagunar de Jacarepaguá, Barra da Tijuca e Baía de Guanabara. Ainda no Rio de Janeiro, há outros exemplos muito positivos, como o Piscinão de Ramos e o tratamento do rio Arroio Fundo, na Vila do Pan, por ocasião dos Jogos Pan-Americanos em 2007.

Da mesma forma funciona em São Paulo no lago do Parque do Ibirapuera, no Parque da Aclimação, no Horto Florestal, no Zoológico; e em Minas Gerais, na Lagoa da Pampulha. Estranho que o sistema tenha sido abandonado no rio Pinheiros, mesmo com a comprovação da eficácia da técnica da flotação em fluxo por órgãos de fiscalização ambiental (Cetesb, Secretaria de Meio Ambiente e a Fundação Centro Tecnológico de Hidráulica " FCTH, da USP).

A tecnologia existe, é brasileira, funciona, atende às legislações, foi implantada em diversas localidades do país com resultados comprovados e com reconhecimento dos órgãos de controle ambiental. Respeito a opinião dos que pensam diferente, mas considero que a técnica da flotação é viável para o Pinheiros como alternativa imediata para sua despoluição, o que vai garantir mais qualidade de vida à população.

*Chico Sardelli é deputado estadual pelo PV e primeiro vice-presidente da Assembleia Legislativa.

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