Com a frase "fumar é feio e pode matar" iniciei discurso onde, através da tribuna da Assembléia Legislativa, mais uma vez denunciei o grave problema representado pelo tabagismo para a saúde publica deste nosso país. Baseei-me, dessa feita, em reportagem publicada no jornal "O Estado de São Paulo" mostrando um dado estarrecedor: o Brasil gasta, anualmente, 21 bilhões de reais com o tratamento de doenças relacionadas ao tabaco. Segundo a reportagem da jornalista Lígia Formenti, fundamentada em estudo da Aliança de Controle do Tabagismo, o Brasil gastou, apenas no ano passado, 21 bilhões de reais com esses pacientes, valor equivalente a 30% do Orçamento do Ministério da Saúde e 3,5 vezes superior ao valor arrecadado pela Receita Federal com produtos, nesse mesmo período, derivados do tabaco.

É uma situação, em si, absurda: o Brasil gasta 21 bilhões de reais para tratar as doenças relacionadas com tabaco e arrecada 3 vezes e meia menos. Mas não é só: o estudo demonstra ainda ser tabagismo responsável por 13% das mortes no País, num total de 130 mil óbitos anuais e numa média de 350 óbitos por dia.

Gostaria de chamar a atenção, principalmente, dos fumantes: no Brasil, morrem por ano 130 mil pessoas vítimas do vício do cigarro. Os resultados são frutos da análise de dados de 15 doenças relacionadas ao cigarro. Quatro delas - cardíacas, pulmonar obstrutiva crônica, câncer de pulmão e acidente vascular cerebral - responderam por 83% dos gastos e dos óbitos.

Esses dados são verdadeiros ou mentirosos? Se verdadeiros " e acredito que o sejam - nossas autoridades e governantes precisam tomar uma atitude muito mais séria a respeito do consumo do tabaco.

A entidade representativa dos produtores de cigarro diz o seguinte: "nós pagamos uma quantidade incrível de tributos; então, se houver essa luta contra o cigarro, o Brasil vai perder uma alta arrecadação de impostos, além da alta quantidade de empregos concentrados nesta atividade". É um recolhimento de 9,3 bi contra uma despesa de R$ 21 bi que, ainda assim, não diminui e nem evita os óbitos.

Insisto: é preciso haver um trabalho muito sério por parte de nossos governantes na forma de campanhas de conscientização quanto aos malefícios do fumo. Devemos usar, principalmente, a rede escolar para criarmos, na juventude em busca de formação, uma mentalidade antitabagista.

Como membro da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa vou fazer da luta contra o cigarro uma bandeira, fazendo de tudo para conscientizar a população da gravidade de uma questão criada porque, durante muitos anos, colocaram na cabeça do povo, principalmente dos jovens, que era bonito fumar. Todo artista, em todo filme ou novela, aparecia fumando; o que era bonito, entretanto, ficou feio porque o cigarro, comprovadamente, é um vício maldito. Deve, portanto, ser combatido com a mesma energia como combatemos drogas como cocaína, heroína, maconha e outras mais...

*Welson Gasparini é deputado estadual pelo PSDB, advogado e ex-prefeito de Ribeirão Preto