Opinião - Vilões modernos


01/08/2013 13:41 | Vitor Sapienza*

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Não se deve negar que os protestos que atingiram as ruas de todo o país foram um marco em nossa sociedade. Também não se pode deixar de dizer que a classe política ficou preocupada e, mais do que isso, permanece preocupada, não pelas manifestações em si, mas pela consciência que parece ter aflorado em nossa população, principalmente na camada mais importante e mais combativa, os jovens.

Somam-se a isso as palavras do papa Francisco, durante a Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro. Além de incentivar os jovens a viver com mais intensidade e participar ativamente dos movimentos, na busca por melhores condições de vida, ele acrescentou a pitada de coragem que faltava. Assim, não devemos estranhar se nas próximas manifestações, a coisa for mais intensa.

Não estamos aqui condenando a postura do sumo pontífice. Ao contrário, há muito tempo já manifestamos a nossa opinião, exigindo que a nossa juventude aprenda a arregaçar as mangas, deixando de esperar pelas atitudes paternalistas do governo, seja ele qual for. E o termo mais adequado está nos versos de Geraldo Vandré, quando dizia que "quem sabe faz a hora, não espera acontecer".

Junho se foi, mas as imagens que percorreram o mundo ainda estão vivas na mente de todos. Defendemos que as massas devam se manifestar, reivindicar os seus direitos, ir às ruas, exigir que o poder público devolva para a sociedade aquilo que ela paga quando recolhe seus impostos. O pretexto pode ser qualquer um, mas, no cerne de tudo, está o descontentamento com a violência, as carências no ensino, na segurança pública, na saúde, no transporte público, na lentidão da Justiça, na impunidade. E, nessa somatória, sobram argumentos e motivos para a revolta.

O quadro é este, e temos que admitir que é preocupante, por dois motivos. O primeiro é a postura do governo fugindo do foco, e falando em plebiscito, coisa que em momento algum foi citada nas manifestações. O segundo é a ação de meia dúzia de pessoas de má índole, que se misturam aos manifestantes, e praticam crimes. O quadro positivo é que eles não conseguiram contaminar a maioria, no entanto, não sabemos até quando.

Esses autênticos bandidos misturam-se às pessoas bem-intencionadas e, movidas pela certeza do anonimato, partem para a violência, para o vandalismo. E isso é condenável, sempre. O heroísmo está no brado, na revolta, jamais na agressão, no vandalismo, no crime contra pessoas e contra o patrimônio.

No passado, os únicos heróis que usavam máscaras mostravam o seu valor na espada ou no lombo de um cavalo, nos seriados que a televisão apresentava. E apesar da máscara, todos conheciam a sua identidade, menos, é claro, os vilões que eles combatiam. Hoje, os vilões são outros; são aquela meia dúzia de covardes que se protegem atrás máscaras ou cobrindo a face com camisetas, e saem às ruas provocando pavor e destruindo tudo.

Criminosamente, eles tentar descaracterizar um movimento que tem conteúdo, tem justificativas e, mais do que isso, tem norte, ideais. Em nome desse norte, desses ideais, está na hora de a Justiça dar provas de que algo está mudando neste país. A punição tem que ser rápida e proporcional aos atos praticados.

Vitor Sapienza é deputado estadual (PPS), ex-presidente da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, economista e agente fiscal de rendas aposentado. Acesse: www.vitorsapienza.com.br.

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