Opinião - Em defesa do voto distrital


15/08/2013 16:31 | Welson Gasparini*

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Estamos vivendo uma época das mais difíceis em nosso país; ainda, recentemente, grandes manifestações nas ruas e avenidas das principais cidades do Estado e do país demonstraram, claramente, a insatisfação popular: o povo espera mudanças, principalmente de comportamentos. Eu acredito em duas ações, duas metas, como fundamentais para atravessarmos o momento atual: primeiramente, de uma posição muito clara dos políticos para, através das suas atribuições, principalmente nos parlamentos, fazerem rapidamente, mas com muito critério, a chamada reforma política tão necessária ao nosso país.

Vamos ter, em 2014, eleições para escolha do presidente da república, do governador, senadores, deputados federais e deputados estaduais. É uma eleição de grande importância para a definição das ações políticas e administrativas dos próximos anos. E nós sabemos a necessidade de se corrigir, através da reforma política, o processo eleitoral.

Hoje, o custo de uma eleição é proibitivo para os candidatos idealistas desligados de grupos econômicos, religiosos ou ideológicos: defendo, por isto mesmo, o chamado voto distrital. O que é o voto distrital? É a divisão do estado em determinadas regiões. No caso de São Paulo, poderíamos ter doze regiões, doze distritos eleitorais, e os candidatos seriam eleitos nesses distritos. Competiria aos eleitores escolher, entre os candidatos dos respectivos distritos, aqueles merecedores de representar a região e o Estado. O voto distrital daria, ao eleitor, a possibilidade de melhor conhecer os seus candidatos.

Ainda recentemente, falando a um grupo de jovens sobre a importância da política na nossa vida, um deles me perguntou: "Mas como o eleitor pode escolher um bom candidato?" Eu lhe disse: "é muito fácil. Veja onde esse candidato mora, como ele vive com a família, onde ele trabalha, como é com os colegas de trabalho; se já exerceu algum cargo público, como é que se comportou; qual a prestação de contas que fez referente ao cargo exercido. Através dessa análise, o eleitor poderá escolher mais facilmente os seus candidatos e acertar melhor.

Mas, infelizmente, pelo andar da carruagem, não vamos ter grandes mudanças no processo eleitoral. Já falam que as reformas políticas ficarão para as próximas eleições e assim teremos a repetição do já acontecido. Pesquisa do Ibope nas ruas das cidades perguntava, seis meses depois das últimas eleições: "Em quem você votou para determinado cargo?" Sessenta e cinco por cento dos eleitores não se lembravam mais em que candidato votaram. E o mais grave: há um desinteresse total no processo político. Cerca de 33% dos eleitores ou votaram em branco, ou anularam o voto ou não compareceram para votar. É preciso modificar este sistema. Temos, hoje, 30 partidos e muitos são balcão de negócios. É triste falar, mas muitos se vendem nas composições eleitorais. É preciso reformular o processo político partidário, pois só assim teremos chances de poder dar ao eleitorado condições de melhor escolher os seus representantes. O voto distrital, portanto, seria um grande primeiro passo rumo ao aperfeiçoamento institucional tão necessário ao futuro deste nosso querido Brasil!

*Welson Gasparini é deputado estadual (PSDB), advogado e ex-prefeito de Ribeirão Preto

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