Opinião: A falsidade da gestão e da propaganda

Como se não bastassem as fartas e sérias denúncias sobre os contratos do Metrô e da CPTM, agora fica-se sabendo que o Ministério Público investiga nepotismo
22/08/2013 15:59 | Carlos Neder*

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A tão propalada ficção de que as administrações do PSDB são um modelo de gestão, o que lhes permitiria atender adequadamente as demandas da população, caiu ladeira abaixo. E no que se refere ao gerenciamento da máquina pública, falta ao partido justamente compromisso com a gestão eficiente e cuidado na maneira de tratar os recursos dos impostos. Sem falar na decisão temerária de entregar os bens públicos " construídos e gerenciados com dinheiro da população " para a iniciativa privada por meio de organizações sociais ou de licitações dirigidas.

Episódios recentes colocam na ordem do dia a discussão da visão que se tem da reforma do Estado, da gestão das políticas públicas e do papel dos servidores. Exemplos de erro não faltam. No Estado de São Paulo, como se não bastassem as fartas e sérias denúncias sobre os contratos do Metrô e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), agora fica-se sabendo que o Ministério Público investiga irregularidades de nepotismo (contratação de parentes) e de nomeações inadequadas nas secretarias estaduais. Suspeita-se que cerca de 1.500 pessoas foram empregadas de forma indevida nas gestões Alckmin e Serra.

O que chama a atenção é que as contratações se deram por empresas públicas, como o Metrô e a CPTM - olha eles aí de novo! Sem falar da Fundação Seade, Emplasa, Cepam, Fundap e Prodesp. Alguns salários chegam a R$ 40 mil mensais. Tudo soa estranho quando se observa que recente decreto do governador Alckmin (Decreto 59.327/2013) foi editado com o pretexto de enxugar a máquina, reorganizar esses órgãos e garantir o uso racional de recursos. Será?

É inadmissível a desfaçatez da propaganda enganosa de que o governo vem sendo vítima de cartéis formados por empresas inescrupulosas, pois a cada dia fica evidente a existência de relações espúrias entre agentes públicos e privados na esfera estadual. Enquanto familiares e protegidos ganham altos salários, não se discutem as condições profissionais e salariais dos demais trabalhadores responsáveis pela excelência dessas empresas. A Assembleia Legislativa não pode se omitir e deve sim convocar outros órgãos de controle externo - como o Ministério Público Estadual e o Tribunal de Contas do Estado - e explicar que providências tomaram a partir das representações feitas pelo PT desde 2008.

*Carlos Neder é deputado estadual pelo PT.

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