Opinião: Dá licença

É preciso uma mudança de cultura. O motorista deve migrar para o transporte público para fugir dos congestionamentos
14/10/2013 15:50 | Enio Tatto*

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A prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria municipal de Transportes, deu início em maio deste ano à Operação Dá Licença para o Ônibus, com o objetivo de priorizar a circulação do transporte coletivo através da construção e ampliação de faixas e corredores exclusivos para ônibus.

A meta inicial do prefeito Fernando Haddad era a de implantar 220 km dessas faixas até o final de 2013. Porém, a percepção de que a população tem urgência na melhoria das condições da mobilidade urbana levou a Secretaria de Transportes, ocupada pelo deputado federal licenciado Jilmar Tatto, a acelerar as obras. Até o mês de outubro deste ano foram entregues 224,6 km desses espaços exclusivos para a circulação de ônibus. Também estão em andamento as licitações para a ampliação dos corredores, que, ao contrário das faixas, ficam do lado esquerdo da via, proporcionando mais eficiência ao sistema. Até 2016 deverão ser concluídos 150 km dessas vias.

Segundo o secretário dos Transportes as maiores reclamações dos usuários são o excesso de passageiros e o tempo de viagem. Isso tem relação com a velocidade dos coletivos, afirma o secretário, que aponta o aumento da velocidade desses veículos como a solução para a superlotação e a demora na realização dos trajetos. A instalação das faixas tem mostrado melhorias importantes para essa questão. Hoje a velocidade média dos ônibus é de 21 km/h, contra os aproximadamente 11 km/h registrados anteriormente à adoção da medida.

Para Jilmar Tatto, o problema não está na posse individual de automóveis, mas no bom uso que se faz do carro. "É preciso uma mudança de cultura. O motorista deve migrar para o transporte público para fugir dos congestionamentos", afirma. Já o papel da administração pública é o de assegurar o aprimoramento da mobilidade urbana. Há vários desafios pela frente. Além das iniciativas em andamento, a cidade precisa, por exemplo, de mais transporte ferroviário (trem e metrô) e do reordenamento das linhas de ônibus. As que são do âmbito da prefeitura estão sendo implementadas ou em estudo para serem aplicadas.

A aprovação pela população das medidas que estão sendo tomadas ficou evidenciada em pesquisa recente, realizada pelo Ibope em parceria com a Rede Nossa São Paulo. O levantamento mostrou que 93% dos paulistanos são favoráveis à ampliação das faixas exclusivas de ônibus na cidade. Entre os entrevistados que usam carro frequentemente, o índice de aprovação é de 86%.

O secretário dos Transportes, que estava na apresentação da pesquisa, observou: "eu achava que estava bem, mas não tinha essa dimensão de 93% favoráveis às faixas exclusivas. O mais surpreendente é com o usuário do carro. O trânsito não apareceu depois da criação das faixas exclusivas, ele já existia antes. Nós temos estudos em alguns locais, o fato de você deixar o ônibus na sua faixa exclusiva acaba organizando o sistema de transportes, então acaba melhorando inclusive a velocidade."

*Enio Tatto é deputado estadual e 1º secretário da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.

alesp