Opinião - O Ranking Universitário e o Empreendedorismo


15/10/2013 17:13 | Itamar Borges*

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O Ranking Universitário Folha (RUF), pioneiro pela abrangência e metodologia, é importante instrumento para avaliação não só das universidades brasileiras, mas também das políticas públicas que contribuem para a formação profissional dos jovens brasileiros. Entre as 25 universidades mais bem colocadas no RUF, 23 são públicas!

O processo de rápidas mudanças que ocorre em todas as relações sociais, econômicas, culturais e tecnológicas reflete direta ou indiretamente na vida das pessoas e nos modelos de educação. A criação de diferentes formas de trabalho se faz necessária, pois a sociedade contemporânea exige pessoas empreendedoras, autônomas, com diferentes competências, que saibam trabalhar com desafios, situações complexas e provocar transformações. Portanto, as universidades em permanente evolução também se tornaram instrumentos estratégicos para a disseminação da cultura empreendedora.

Uma pergunta habitualmente feita é se o empreendedorismo pode ser ensinado. Os especialistas dizem que sim e reforçam que o empreendedorismo e as suas práticas podem ser aprendidos em qualquer idade. Mas o ensino do empreendedorismo necessita de uma pedagogia específica, baseada em troca de saber com aqueles que o praticam.

A inserção do empreendedorismo na educação não deve se dar apenas com uma ação isolada de inclusão de uma disciplina na grade curricular, mas por meio de um programa com diversas atividades, entre elas: desenvolvimento de currículo, recursos e métodos de ensino; treinamento e desenvolvimento de professores; criação de empresas juniores, estabelecimento de parcerias com as empresas e a comunidade local; oportunidades para estudantes incubarem e experimentarem seus projetos; concursos de planos de negócios; feiras de jovens empreendedores; e criação de centros, laboratórios e observatórios de empreendedorismo.

A Endeavor, organização internacional sem fins lucrativos, realizou um estudo sobre empreendedorismo nas universidades brasileiras e constatou que a maioria dos estudantes vê o empreendedorismo com bons olhos e considera a carreira do empreendedor uma opção a ser seguida; 64,6% dos estudantes consideram-se potenciais empreendedores ou já possuem seu próprio negócio em operação. No entanto, 55% deles não realizaram cursos de empreendedorismo, ou seja, não estão se preparando adequadamente para sua futura carreira.

Entre os programas ativos nas universidades brasileiras, destacam-se: o Centro de Empreendedorismo e Novos Negócios (FGVcenn); o Centro de Empreendedorismo Ibmec (CEI); Pioneiros e Empreendedores da USP; Empreendedorismo e Criação de Novos Negócios, da Universidade Federal do Paraná; Programa da Agência USP de Inovação " Modalidade Empreendedorismo; além de projetos que se desenvolvem na UFMG, UFRS, PUC-RJ, Unesp, Unicamp e em outras universidades brasileiras.

O RUF avalia a inserção dos estudantes no mercado de trabalho, mas nas próximas edições poderia focar com mais precisão os esforços e resultados das universidades nos programas de empreendedorismo, com a criação de um indicador específico para essa atividade.

*Itamar Borges, deputado estadual (PMDB-SP) e presidente da Frente Parlamentar do Empreendedorismo (Frepem)

**Colaborou na redação do artigo Silverio Crestana, doutor pela USP, especialista em políticas públicas pela Unicamp e consultor da Frepem/Sescon-SP.

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