A Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo foi palco de uma discrepância absurda nesta última terça-feira, 22 de outubro. Esta Casa foi tomada pela Família Policial Militar, que luta para que os integrantes da Secretaria de Segurança Pública tenham um reajuste salarial de 15% para este ano e 11% para 2014. Policiais que combatem a criminalidade pedem um irrisório reajuste, ou seja, um índice tão pequeno perto da magnitude da função desempenhada por esses profissionais. A polícia de São Paulo é a melhor do Brasil. Afirmo isso com toda a certeza e entendo que ela assim deveria ser tratada. O governo do Estado, através de um esforço concentrado, pode muito bem atender as reivindicações desses policiais. Afinal de contas, seria fazer justiça. E isso é mais do que necessário. Permanecemos pagando verdadeira fortuna com juros da dívida pública brasileira, favorecendo banqueiros e especuladores. A União poderia muito bem contribuir com os Estados para melhorar os salários dos profissionais da educação, saúde, segurança pública e tantas outras áreas importantes para a sociedade. Mas infelizmente temos que acompanhar informações como a fornecida pela Secretaria do Tesouro Nacional, de que após atingir a marca inédita de R$ 2 trilhões no ano passado, a dívida pública, que inclui as dívidas externa e interna, vai continuar crescendo este ano, podendo chegar a R$ 2,24 trilhões (R$ 232 bilhões a mais em relação a 2012, e mais do dobro do que o governo federal arrecadou com impostos e tributos no ano passado, que ficou na casa de R$ 1,02 trilhão). O Brasil realmente é um país de discrepâncias. O governo federal não acolhe a PEC 300, que deveria oferecer melhores condições salariais para os policiais brasileiros. O governo do Estado afirma que não pode oferecer melhor reajuste porque avança a Lei de Responsabilidade Fiscal. E a Família Policial Militar, como fica? Um dia esse país valorizará a educação, saúde, habitação e segurança pública. *Rafael Silva é deputado estadual pelo PDT.