Ao fazer uma das muitas diligências que realizo em escolas públicas no Estado de São Paulo, cumprindo uma das obrigações parlamentares de fiscalizar o Poder Executivo, a fim de garantir o cumprimento das políticas sociais em áreas como educação, saúde, segurança pública, saneamento etc., estive recentemente na Escola Estadual Prof. Iturbides Bolivar de Almeida Serra, situada no bairro do Socorro, que se encontra sob a supervisão da Diretoria Sul 3. Lá conversei com pais, alunos e professores e constatei que a escola, por falta de estrutura básica, se tornou um verdadeiro depósito de crianças sendo mais uma a jogar luz na farsa da escola de tempo integral do governo tucano. Mesmo com todo o esforço e empenho das professoras, da coordenação pedagógica, dos poucos funcionários de apoio e da direção, o que temos é um descaso com mais de 400 crianças que estudam o dia todo num ambiente em que as educadoras são obrigadas a improvisar a todo o momento as atividades nas oficinas pela absoluta falta de materiais. Na sala de leitura existem apenas alguns pouquíssimos livros e revistas que a própria professora conseguiu através de doação; na sala de artes quase não há material, nem mesmo uma pia com torneira para as crianças molharem as tintas e pinceis " buscam água em galões de plástico do pátio da escola; a sala do sono, local em que as crianças de 6 e 7 anos dormem após o almoço, tem colchonetes emprestados pelo professor de educação física que os utiliza em suas aulas na quadra de esportes; na sala de jogos a situação é a mesma das outras. Na E.E. Iturbides Bolivar, apesar de haver espaço externo, não existe o conhecido parquinho pedagógico para as crianças de 6 anos, que ainda precisam desenvolver-se nas áreas lúdica e motora; faltam mesas no refeitório para as refeições e também funcionários de apoio. Na sala de vídeo, um televisor pequeno e algumas carteiras. Aí cabe a pergunta para este espaço: por que não um aparelho de tela plana, grande, e um equipamento de datashow? Adaptada, a mesma pergunta vale para os outros espaços já descritos! Fico indignado e perplexo junto à comunidade escolar. Como que o Estado mais rico da federação oferece um serviço público de educação de tempo integral tão precário para as camadas populares? A Fundação para o Desenvolvimento da Educação, com tanto dinheiro do orçamento de um lado, em contrapartida a outro montante de denúncias de corrupção de outro (o caso da compra de mochilas superfaturadas é um deles), é incompetente? O que acontece? Seria leviandade, descaso, incompetência e irresponsabilidade da Secretaria estadual de Educação? Fato é que a escola de tempo integral é para "inglês ver", para o marketing político do governador. Na "Iturbides", assim como em outras, o que temos não é escola de tempo integral e sim a duplicação do período e da permanência das crianças num depósito que, se não fosse a supradedicação, o amor e o empenho das professoras, teria sua situação agravada. Com a palavra o governador e o secretário da Educação. Carlos Giannazi é deputado estadual (PSOL) e membro titular da Comissão de Educação e Cultura da Assembleia Legislativa