Opinião: Ano novo, novas expectativas


02/01/2014 15:54 | Marco Aurélio*

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Concluímos mais um ano, e esta é uma época em que costumamos fazer uma retrospectiva daquilo que mais nos marcou e também de projetar o que queremos realizar no ano que se inicia, seja para completar ações inacabadas ou começar novos projetos.

Do ponto de vista político, um dos fatos que mais chamaram a atenção em 2013 foram as manifestações de rua, cujo auge ocorreu em junho. Penso que uma das grandes virtudes desses protestos foi o reconhecimento por parte da própria população de seu poder de mobilização. Milhares de pessoas cobraram mudanças em diversos setores e viram algumas medidas sendo anunciadas, como a possibilidade de uma reforma política.

A grande massa que se formou nas ruas, porém, trazia muitas reivindicações e, por ter interesses difusos, em alguns momentos pareceu perder o foco. A mobilização é válida para mostrar o poder que o povo tem nas mãos, mas é fundamental ter em mente que sem objetivos claros o movimento pode se perder e não surtir os efeitos desejados. Como gosto de frisar sempre que falo a respeito, é importante que cada brasileiro se aproprie desse poder de exercitar a democracia, procurando acompanhar governos e as casas legislativas para que haja clareza daquilo que vai ser cobrado.

Outro destaque importante em 2013 foi a cobertura da mídia para casos que envolveram grupos políticos distintos. Um deles foi o da Ação Penal 470, que continuou tendo ampla cobertura com a prisão de políticos investigados. Já a denúncia de cartel e distribuição de propinas envolvendo obras de trens e metrô do Estado de São Paulo teve o tratamento de "supostas denúncias", mesmo sendo estas feitas por uma das empresas que teriam sido beneficiadas pelo esquema, a multinacional Siemens, e havendo fortes indícios de envolvimento de outra grande indústria, a Alstom. Milhões de reais teriam sido desviados, mas ainda assim o caso teve tratamento secundário em páginas de jornais, revistas e no noticiário de rádio e tevê.

Talvez essa época propícia para balanço tenha levado uma parte da mídia a fazer uma autocrítica. Finalmente, um grande jornal destacou que a base governista na Assembleia Legislativa de São Paulo se nega a criar uma CPI para investigar o caso do cartel, que aponta para envolvimento dos governadores do PSDB nos últimos 20 anos.

Essa blindagem imposta pelos deputados aliados ao governador é algo que a bancada do PT vem denunciando há muito tempo, mas, infelizmente, sem encontrar eco na grande imprensa. Talvez até por essa postura muitos programas e veículos de comunicação têm perdido audiência - um exemplo é o Jornal Nacional, da TV Globo - e também credibilidade. Isso nos leva a ter a esperança de que, se a grande imprensa não fizer coberturas adequadas, independentemente de gosto político, a própria população fará sua seleção, desacreditando aqueles que pensavam que sempre conseguiriam enganar o povo.

Espero que essa espécie de "mea culpa" apresentada pela imprensa, ainda que tardiamente, ajude a trazer mais luz a esse caso. Se não há nada de errado, não há por que temer a instalação de uma CPI. O que não se pode admitir é que os deputados se neguem a executar uma de suas funções principais, que é fiscalizar o Executivo. É importante que a mídia e a sociedade cobrem dos deputados que se recusam a investigar a razão dessa postura.

Enfim, meu desejo é que esses episódios sirvam para melhorar o acompanhamento e a atuação política em nosso país. Com a participação consciente de todos é que poderemos ter melhores resultados em nossa cidade, Estado e país. Feliz Ano Novo!

*Marco Aurélio é deputado estadual pelo PT.

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