Opinião: Um atentado contra a Petrobras


26/03/2014 14:12 | *Pedro Tobias

Compartilhar:


A avalanche de notícias perturbadoras e atitudes suspeitíssimas envolvendo a Petrobras, a maior e mais importante empresa nacional, nos últimos dias, torna imperativa uma apuração rigorosa, detalhada e urgente de todos os episódios que colocaram a Petrobras no olho do furacão, prestes a ver seu valiosíssimo patrimônio virar pó.

Em quatro anos, a presidente Dilma conseguiu a proeza de reduzir o valor de uma das maiores empresas petrolíferas do mundo a menos da metade, com suas atitudes impensadas e inconsequentes.

E a tomada de decisões erradas que só prejudicaram a saúde financeira da maior estatal do país vem desde a época em que Dilma ainda não era presidente da República. Em 2006, na condição de ministra da Casa Civil e presidente do Conselho de Administração da Petrobras, Dilma deu aval a uma das negociações mais desastrosas da história da empresa, mantida em sigilo sepulcral até então, mas que agora veio à tona e deixou o país indignado com o tamanho do prejuízo. Com o aval de Dilma, a Petrobras pagou quase US$ 1,2 bilhão pela refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, que havia sido comprada sete anos antes por outra empresa por apenas US$ 42,5 milhões, ou seja, menos de 5% do valor pago pela estatal brasileira. É difícil achar explicação para um absurdo monumental como este. Um verdadeiro atentado contra a Petrobrás aplicado pelos companheiros do PT. Agora que o golpe veio a público, a presidente Dilma reconhece que o Brasil foi seriamente lesado pela decisão tomada por ela e demais integrantes do Conselho de Administração da Petrobras, que incluía Antônio Palloci (ex-ministro da Fazenda do governo Lula), Nestor Cerveró (atual diretor da BR Distribuidora) e Sérgio Gabrielli (atual secretário de Planejamento do governador da Bahia, o petista Jaques Wagner), entre outros. Para estimular ainda mais as suspeitas de algo muito podre escondido debaixo do tapete, um ex-diretor da Petrobras, homem de confiança de Gabrielli, foi preso pela Polícia Federal acusado de destruir e ocultar documentos, entre os quais, suspeita-se, podem estar dados sobre a compra suspeita da refinaria.

Dilma reconhece que prejudicou o País quando diz que se conhecesse todas as cláusulas do contrato "seguramente" não teria dado seu aval para a compra da refinaria. Admite assim que a Petrobras fez um péssimo negócio. Por outro lado, desmonta a imagem de gerente rigorosa, que não admite falhas. Ela própria falhou e falhou feio ao assinar um contrato às escuras, sem conhecer seu conteúdo, prejudicando seriamente a principal empresa estatal brasileira, até então um exemplo de eficiência. Uma eficiência que, aos poucos, vai ruindo nas mãos de pessoas despreparadas que estão usando a Petrobras para atender a interesses pessoais e partidários.

É preciso que se investigue cada detalhe desta negociação escabrosa e de outras que estão pondo em risco a sobrevivência da empresa, como a defasagem forçada no preço dos combustíveis e a perda de valor de mercado com desvalorização sem precedentes da estatal.

E ao invés de assumir que errou, Dilma prefere criar um bode expiatório na figura do ex-diretor Nestor Cerveró, apontado pelo PT como o único culpado e, portanto, o único a merecer castigo. Sua demissão com seis anos de atraso é patética. A gravidade do caso merece um tratamento diferenciado e punição exemplar e não medidas rasteiras e paliativas como as que estamos acompanhando.

*Pedro Tobias é deputado estadual pelo PSDB

alesp