Opinião: Meio ambiente exige mobilização permanente


07/05/2014 15:01 | Orlando Bolçone *

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Pessoas andando com facilidade sobre uma sólida montanha de lixo acumulado em cima das águas do rio mais importante da cidade. Esta imagem dura e triste se tornou símbolo da violência e da destruição do rio Preto, que corta São José do Rio Preto e outros 15 municípios da região noroeste. Há restos de construções, roupas, pedaços de móveis, garrafas plásticas, vidro, metais, isopor,capacetes, materiais que demoram décadas para se decompor. Alguns tipos de plástico levam mais de cem anos para se degradar, o vidro também.

Tudo isso foi sendo jogado e se acumulando ao longo dos anos, acelerando o processo de degradação ambiental, assoreamento e poluição do rio que é a própria história da cidade. Segundo órgãos ambientais, a cada dez segundos o rio recebe algum tipo de lixo. Uma tragédia ambiental de grandes proporções estava sufocando o rio Preto que, à beira do colapso, pedia socorro.

Trabalhei diariamente para buscar uma solução. Convicto de que somente a união de esforços e o compartilhamento de idéias seriam capazes de mobilizar a comunidade e facilitar a busca de uma solução, conversei com técnicos, biólogos, pesquisei ao lado de ambientalistas, estudei maneiras rápidas e eficazes para colocar em prática um programa de limpeza e despoluição do rio Preto. Retirar esse lixo, desassorear e, além disso, limpar as margens. Foi um trabalho conjunto, integrado.

Tive a parceria e o auxílio de técnicos das secretarias estadual e municipal do Meio Ambiente, Cetesb, Senac, Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente de São José do Rio Preto (Condema), Rotary Club, Comitê da Bacia Hidrográfica Turvo/Grande e da delegacia regional de Turismo.

A partir da elaboração do projeto, passei à fase de captação dos recursos. Não seria possível para a prefeitura de Rio Preto, sozinha, assumir os custos da execução dos trabalhos, porque haveria a necessidade de realocar verbas destinadas a outras áreas da administração.

A solução foi apresentar um projeto técnico para buscar recursos do Fundo de Interesses Difusos (FID), programa da Secretaria Estadual da Justiça. O fundo é composto pelo dinheiro oriundo de multas aplicadas por danos ambientais. Ao todo, são R$ 120 milhões disponíveis para ações de recuperação do meio ambiente.

Foram apresentados este ano mais de 200 projetos ao FID. O nosso projeto de limpeza do rio Preto foi aceito e garantiu a liberação de R$ 3 milhões, valor máximo que é liberado por município. A prefeitura se comprometeu a liberar mais R$ 300 mil, completando o orçamento total de R$3,3 milhões.

O trabalho deve durar, inicialmente, dez meses. A limpeza e a despoluição do rio Preto vão beneficiar 16 municípios da região, como, por exemplo, Ipiguá, Onda Verde, Nova Granada, Palestina e Pontes Gestal ,além de São José do Rio Preto, com impactos extremamente positivos nas áreas do meio ambiente e do turismo.

É evidente que esta é uma etapa do trabalho de preservação do rio mais importante da região. É fundamental o envolvimento de toda a comunidade, ONGs e órgãos ambientais, num trabalho conjunto e permanente. Para que o rio Preto possa respirar, viver e caminhar livre, como pede o poeta e como as cidades precisam.

* Orlando Bolçone é deputado estadual pelo PSB

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