Nenhum brasileiro que tem menos de 64 anos de idade sabe o que é a realização de uma Copa do Mundo em seu país. Encontrei-me com um homem numa cidade da nossa RM Vale, com mais de 75 anos de idade, que descrevia para mim sua alegria por ter estado no Maracanã naquele fatídico dia em que o Brasil perdera para o Uruguai, deixando a taça do mundo escapar de suas mãos, mesmo vencendo boa parte do jogo (Brasil perdeu por 2 a 1). Era visível a alegria de sua narrativa, por ter estado num momento tão único e histórico na vida do nosso país, mesmo não tendo sido campeão naquela oportunidade. Para a escolha de um país onde será realizada a Copa, há necessidade de se preencher inúmeros requisitos, e disputar com diversos países que se enquadram no perfil. Por décadas o Brasil ficou de fora, até o momento em que, em 2007, finalmente o país foi agraciado para ser sede da Copa do Mundo de 2014. É interessante num país do futebol alguns grupos criarem o movimento "não vai ter Copa", sob o argumento de que o dinheiro público gasto para este evento faria falta a áreas essenciais, como saúde, educação etc. Mas se a motivação desses grupos fosse realmente esta, o movimento deveria ser exatamente o contrário, pois, diferentemente do que pregam, um evento mundial como este traz para o país recursos que poderão ser utilizados na saúde, educação e outras áreas. Dizem os contrários que são investimentos que se perderão após a finalização da Copa, e eu questiono: a modernização dos aeroportos não terá utilidade após a Copa? O Aeroporto Internacional Salgado Filho, de Porto Alegre, agora com equipamento antineblina, ficará obsoleto? O Mineirão, primeiro estádio da Copa alimentado com usina solar, deixará de ter sustentabilidade econômica, ambiental e social? Os avanços do setor hoteleiro no país se perderão após a Copa? As 45 obras de mobilidade urbana realizadas no país, com investimentos da ordem de R$ 8 bilhões, se perderão após o Mundial? O que dizer dos estudos da Embratur apontando que os gastos por parte dos turistas durante a Copa devem chegar a R$ 25 bilhões? Os empregos - temporários e permanentes -, algo em torno de 710 mil, não valerão a pena? Para quem quer ter mais informações, esses e outros dados podem ser acompanhados pelo site www.copa2014.gov.br, no link "Tire-dúvidas sobre os investimentos". Os ditos recursos públicos gastos em estádios são financiamentos feitos pelo BNDES; ora, se são financiamentos, estes recursos retornarão. Pensando seriamente, você acha que os países brigam para ser sede de Copa para perder dinheiro? Então, de onde vêm as manifestações contrárias? Na minha opinião, apesar de o Brasil estar rumando ao desenvolvimento, com pleno emprego e economia sólida, mesmo diante da crise mundial, existem grupos que torcem pelo "quanto pior melhor" - pessoas que ou agem por desinformação, ou por um ideal que não é o da maioria do povo brasileiro. A população brasileira, com certeza, quer a Copa, sim, com muita alegria do futebol, mas quer também que esta alegria se reverta em ganhos econômicos e sociais, para não ficarmos apenas na euforia que passa, mas para termos melhores estruturas sociais e econômicas, visando à melhoria de todos. Aos que no passado se beneficiaram (e muito) pela vulnerabilidade do país, aos que no passado enriqueceram graças ao empobrecimento do povo, eu digo: vai ter Copa, sim, e, independentemente de o Brasil conquistar ou não o hexacampeonato, nosso país já é campeão por ter conquistado o que muitos desejaram e não conseguiram. Somos campeões! Avante, Brasil! *Marco Aurélio é deputado estadual pelo PT.