Opinião - Obesidade infantil


27/05/2014 10:38 | Ed Thomas*

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A obesidade é doença crônica e a sua origem é multifatorial, uma vez que pode ser genética, psíquica ou comportamental, essa última relacionada ao sedentarismo e aos maus hábitos alimentares.

A Vigilância da Obesidade Infantil, braço da Organização Mundial de Saúde (OMS), divulgou em 2013 que, em todo o mundo, um terço das crianças de seis a nove anos estão obesas ou acima do peso. No Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde, uma em cada três crianças sofre com a doença.

A questão torna-se mais preocupante, pois está diretamente relacionada a outras comorbidades, como hipertensão arterial, diabetes tipo II, doença gordurosa não alcoólica do fígado, aterosclerose, dislipidemia, síndrome metabólica, problemas ortopédicos, apneia do sono (parada respiratória fatal durante o sono), além dos sérios problemas psicológicos. Devido a essas patologias, o indivíduo obeso tem sobrevida reduzida (mortalidade em idade precoce), quatro em cada dez brasileiros estão acima do peso e o número de óbitos anual chega a 80 mil, sendo que 90% dos obesos têm pelo menos uma comorbidade e 30%, três ou mais delas.

A obesidade infantil merece atenção especial, no que diz respeito a prevenção e tratamento, pois as chances são muito grandes de uma criança obesa se tornar um adulto obeso e por isso existe a necessidade de revertermos este quadro durante a infância e a adolescência, com ações que viabilizem políticas públicas para tratamento não farmacológico, pois este deve ser baseado em redução alimentar, incentivo às atividades físicas e apoio psicológico. Para melhores resultados este tratamento deve ser multidisciplinar ou multiprofissional, contando com a ajuda de médicos, educadores físicos, nutricionistas e psicólogos. Quando há o trabalho em conjunto destes profissionais o tratamento atinge todos os eixos do problema, tornando a solução muito mais rápida e sem danos à saúde da criança ou adolescente.

Em 2012 protocolei o Projeto de Lei 25 com o intuito de instituir o Programa Multidisciplinar da Obesidade Infantil, sob a coordenação da Secretaria de Estado da Saúde. Um tratamento denominado Super Ação a ser realizado em Centros de Referência para Tratamento da Obesidade Infantil (Cetroi), autorizando a Secretaria de Estado da Saúde a celebrar convênios com as prefeituras municipais e a Unesp. O PL já recebeu pareceres favoráveis das comissões de Constituição, Justiça e Redação, de Orçamento e de Saúde, estando pronto para a Ordem do Dia, aguardando para ser votado.

Outra ação de mérito foi a constituição na Assembleia Legislativa da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), através do Requerimento 1283, de 21 de maio de 2014, com o objetivo de investigar e analisar, em profundidade, a extensão da obesidade infantil no Estado, e assim contribuir para a busca da solução do problema, sugerindo programas e políticas voltados à questão.

Educar as crianças acerca das nefastas consequências da obesidade e encorajá-las a serem bem aprumadas e felizes é a única medida prática para reverter a obesidade infantil, e essa é a nossa missão diante deste grave problema. Por isso devemos trabalhar para que mudanças radicais ocorram e alterar a tendência atual.

*Ed Thomas é deputado estadual pelo PSB.

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