Opinião: Programa estadual de combate ao abuso de álcool


28/05/2014 14:44 | Orlando Bolçone *

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A Assembleia Legislativa aprovou, por unanimidade, projeto de lei de minha autoria, que institui um programa estadual permanente de prevenção e combate ao uso abusivo de bebidas alcoólicas. O alcoolismo é um dos maiores problemas de saúde pública do Brasil. Um grande desafio. Já há alguns anos, autoridades da área da saúde, psiquiatras e assistentes sociais vêm alertando sobre o aumento no uso de álcool, principalmente entre os jovens. Estima-se que 10 por cento de toda a mortalidade registrada no país é consequência do consumo excessivo de álcool.

O cenário piorou muito de lá pra cá, confirmando a preocupante tendência de elevação no consumo de bebida. Minha proposta, que encontrou amplo respaldo junto aos deputados, se baseou em pesquisas sérias, cientificamente comprovadas, além de conversas com especialistas no estudo dos efeitos danosos das drogas em geral e do álcool em particular. Também acrescentei ao meu projeto itens de uma proposta semelhante apresentada na Assembleia pelo então deputado Valdomiro Lopes, hoje prefeito de São José do Rio Preto. Dados de 2012 do Sistema Único de Saúde (SUS) apontaram que, por ano, são gastos R$ 180 milhões no tratamento de pessoas embriagadas, dependentes ou com síndrome de abstinência de álcool. Em falar dos custos do tratamento de doenças relacionadas ao álcool, como cirrose hepática, pancreatite, gastrite, problemas cardíacos, entre outros.

O mais recente Levantamento Nacional de Álcool e Drogas revela que 32% dos adultos não conseguem parar de beber depois que começam; 10% conhecem alguém que já se machucou em consequência do consumo de álcool; 8% admitiram ter tido problemas no trabalho em função do uso de álcool e 4,9% perderam o emprego por causa da bebida. O levantamento foi feito pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), um centro de excelência na formação de profissionais da área da saúde. Ainda segundo a Unifesp, o uso excessivo de álcool afeta todas as classes sociais, mas especialmente a classe E, onde o consumo chega a71 por cento.Na classe A, 45 por cento. Outros trabalhos apontam que em cerca de 15% a 66% de todos os homicídios e agressões sérias, o agressor, vítima, ou ambos tinham ingerido bebidas alcoólicas.

Mesmo com a criação de leis que restringem o uso de bebida, muitos fatores ainda contribuem para o aumento do uso de álcool, principalmente entre os jovens, como fácil acesso à bebida e fiscalização deficiente. Por ser uma droga lícita e socialmente aceita, o álcool é a porta de entrada ara o uso de outras drogas, como maconha e cocaína. Sem falar dos problemas causados no trabalho, na família, no trânsito. O trabalho de conscientização e combate ao uso abusivo de bebida deve ser permanente e global, isto é, tem que envolver toda a sociedade.

O programa estadual criado pelo projeto que apresentei terá a participação de profissionais da área da saúde e contará com palestras nas escolas, campanhas de esclarecimento, distribuição de cartilhas com informações médicas sobre os problemas provocados pelo consumo de álcool, entre outras iniciativas. Torna-se cada dia mais urgente a necessidade de uma ação firme e conjunta que englobe o poder público, as escolas, os empresários, médicos e associações anti-alcoólicas. Não podemos permitir que tantas vidas sejam destruídas diante de nossos olhos.

* Orlando Bolçone é deputado estadual pelo PSB

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