Opinião - O diploma como conquista e não como dádiva


15/12/2014 11:28 | Welson Gasparini*

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Um dos maiores problemas deste país, sem qualquer duvida, é a educação; não apenas faltam escolas como, sobretudo, falta ensino em grande parte delas. Manchete recente de grande jornal paulistano expõe, de modo muito claro, a gravidade dessa situação: "Um em cada quatro alunos está no pior nível em português."

Reproduzo a notícia: "um em cada quatro alunos do quinto e do nono anos do ensino fundamental público está no nível mais baixo na avaliação nacional da matéria "português". Para os alunos mais novos, na casa dos 10 anos de idade, isso significa: eles não conseguem identificar o personagem central de uma fábula ou reconhecer o assunto principal de uma reportagem".

Esse dado me deixa pensando seriamente na realidade de um problema cuja avaliação foi feita com base na "Prova Brasil", realizada pelo governo federal e agora divulgada por meio de boletins para as escolas.

No nono ano, o último do ensino fundamental, 25% dos alunos ficaram no patamar mais baixo da prova entre os oito patamares possíveis. Aliás, nem seria necessária a divulgação de mais essa pesquisa para demonstrar a gravidade da situação do ensino em nosso pais, principalmente o ministrado nas escolas públicas dos estados e dos municípios.

É necessária, insisto, uma reação grande e urgente. Estamos perdendo, praticamente, uma geração inteira de jovens que não consegue aprender sequer as noções básicas de português e matemática, fundamentais para o entendimento das outras matérias.

Como podemos consertar essa situação em nosso país? Vamos começar vendo quais os países do mundo possuem dos melhores sistemas educacionais. Na Coreia, por exemplo, é uma beleza. Assim como a Coreia, alguns outros países conseguem um resultado notável no ensino público. Copiar, acredito, não é crime. Copiar é certo, é inteligente, desde que se copie apenas o correto.

Essa reação, claro, tem de começar na família; a família pode contribuir muito para o processo educacional dos filhos. Primeiramente, é preciso que as escolas, no geral, voltem a ter o chamado boletim mensal, trazendo para os pais as notas de aproveitamento de seus filhos, possibilitando-lhes acompanhar tudo o que está acontecendo, inclusive, entre outras atividades, por meio das reuniões de pais e mestres.

Defendo também a valorização salarial do professor; é preciso estimulá-lo, tornando-o alvo da consideração e do respeito dos alunos e das suas famílias. Vemos, atualmente, nos jornais, notícias mostrando alunos batendo em professores ou pais responsabilizando-os pelo mau desempenho dos seus filhos. A situação chega ao ponto do professor desanimar e passar a fingir que ensina, enquanto o aluno finge que aprende e vai passando de ano sem o indispensável conhecimento.

É preciso um ensino programado para garantir o sucesso dos formados. Isso é muito importante. É preciso acabar com a aprovação automática. Deve ser aprovado, tão somente, quem estudou, quem aprendeu. Não adianta nada sair sem aprender a teoria e se tornar um fracasso na vida prática.

O diploma, assim entendo, deve ser uma conquista do aluno e não uma dádiva da escola.

*Welson Gasparini é deputado estadual (PSDB), advogado e ex-prefeito de Ribeirão Preto

alesp