Opinião: "Je Suis Charlie"


08/01/2015 18:39 | Welson Gasparini*

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Conforme lamentou o cartunista argentino Bernardo Erlich, o mundo ficou tão sério que o humor virou uma profissão de risco, fato confirmado pelo inominável atentado à civilização perpetrado na última quarta-feira, em Paris, por terroristas islâmicos. As vítimas desse atentado " cartunistas e redatores do jornal "Charlie Hedbdo" - lutavam com o seu humor, com sua irreverência, contra a intolerância e a violência, infelizmente, ainda tão presentes no mundo contemporâneo. Indigno-me, como qualquer pessoa civilizada, por mais esse ato extremado provocado pelo terror, solidarizando-me com a dor das famílias, dos amigos e dos colegas das vítimas desse hediondo crime!

É o terrorismo, no seu sentido clássico, mais uma vez fazendo uso da violência contra a ordem estabelecida para atingir seus inomináveis fins.

Até quando vamos continuar assistindo passivamente essa escalada do terror? Urge a adoção " em escala mundial " de medidas urgentes para combater ao terrorismo, em todas as suas formas: biológico, químico, nuclear e genético que mantém os seres vivos (animais e plantas), habitantes da terra, sob permanente ameaça, com sério risco de desaparecerem do planeta em questão de horas.

As ações terroristas tornam-se, lamentavelmente, mais sofisticadas, incluindo o bioterrorismo genético que, se algum dia vier a ser empregado, constituirá numa das suas mais letais armas porque poderá eliminar, silenciosamente, a vida de um único indivíduo ou apenas de seus familiares sem violência física, hipótese agravada pela dificuldade de identificação e investigação para o uso de antídotos.

O mundo inteiro está em situação de alerta; não há país que não tema ações terroristas em seu território.

Sem qualquer duvida, a humanidade vive um momento de luto, mas não apenas pelos jornalistas e cartunistas mortos; é luto pela sua própria impotência para enfrentar e vencer o terror.

Em Paris, milhares de pessoas lotaram a Place de la République, em Paris, para protestar "pela liberdade de imprensa, pela democracia, pela República", muitas delas exibindo cartazes com o slogan que os uniu nessa manifestação: "Je Suis Charlie" (Eu sou Charlie).O mesmo slogan junta ainda os protestam contra o atentado através da Internet.

Nesta hora, no repudio a essa barbaridade, todos nós somos Charlie, todos nós nos sentimos atingidos pelos disparos que mataram, entre outros, o diretor Stéphane Charbonnier (Charb), Bernard Velhac (Tignous) Jean Cabut (Cabu) e Georges Wolinski que pagaram com a vida por se manterem fiéis à ideia sintetizada pelo humorista norte-americano George Carlin: "Penso que o dever de um humorista é descobrir onde se traça a linha, e ultrapassá-la deliberadamente."

Conforme nota distribuída pela Associação Internacional de Radiodifusão (AIR)

"os crimes contra jornalistas e outros comunicadores não representam apenas ataques contra as vítimas, como também afetam a liberdade de expressão em si, uma vez que têm efeito dissuasivo para a livre troca de informações e ideias, além de atentar contra os direitos da sociedade em geral".





*Welson Gasparini é deputado estadual pelo PSDB, advogado e ex-prefeito de Ribeirão Preto

alesp