Opinião: Nada além do nosso direito


11/05/2015 14:44 | Vanessa Damo*

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Desde meados da década de 1970, a mulher luta para conquistar seu espaço na sociedade. Foi nessa época em que começamos a nos dividir entre o serviço doméstico e ocupação no mercado de trabalho. A luta das mulheres foi uma grande revolução, pois passamos a assumir também a função de alicerce da casa. Porém, mesmo 45 anos depois, estamos longe de falar em igualdade entre homens e mulheres no mercado de trabalho.

Pesquisa realizada pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) mostra que os homens brasileiros recebem até 30% a mais do que as mulheres de mesma idade e nível de instrução. O índice chega a ser o dobro do que foi apresentado em outros países da América Latina.

Se pegarmos a Região Metropolitana de São Paulo podemos constatar que, em 2014, a mulher ganhou 81% do salário de um homem. Dados do Seade/Dieese revelam que uma funcionária recebe, em média, R$ 9,80 por hora de trabalho e um funcionário teve o rendimento por hora de R$ 12, sendo que os dois possuem o mesmo grau de instrução e ocupam o mesmo cargo.

A disparidade entre os salários virou tema até mesmo na maior festa do cinema mundial. Durante a 87ª cerimônia de entrega do Oscar, Patricia Arquette, eleita melhor atriz coadjuvante por seu trabalho em Boyhood, cobrou igualdade entre homens e mulheres na indústria cinematográfica.

O tema não ficou restrito ao mundo artístico. O papa Francisco disse que chega a ser "escandaloso" o fato de as mulheres ganharem menos para desempenhar a mesma função dos homens. Durante audiência geral, o pontífice também defendeu a ideia de as mulheres buscarem também seu espaço no mercado de trabalho.

No discurso, o líder da igreja questionou: "Por que as mulheres devem ganhar menos do que os homens?". Na verdade, todas as mulheres " de diferentes segmentos e classe social - se perguntam o motivo pela desigualdade nos salários, tendo em vista que nada justifica a diferença gritante que existe entre a remuneração do homem e da mulher.

Além de toda a diferença financeira, a mulher ainda tem que suportar o ambiente de trabalho, muitas vezes, inóspito. Números divulgados pelo Ministério Público do Trabalho apontam que as principais vítimas de assédio moral nas empresas são mulheres e/ou mães solteiras.

Não podemos aceitar o convívio com esses pré-conceitos de capacidade oriundos dos séculos passados. É preciso que haja direitos iguais no mercado de trabalho e em todos os locais onde houver a presença feminina. É preciso avançar nas políticas públicas pelas mulheres, minha forte luta na Assembleia Legislativa de São Paulo, para garantir igualdade entre todos. Afinal de contas, não estamos pedindo nada além do que é nosso direito.

*Vanessa Damo é deputada estadual e presidente estadual do PMDB Mulher

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