Opinião - Qualquer semelhança é mera coincidência


02/06/2015 11:27 | Gilmaci Santos*

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Além de uma referência para os cristãos de todo o mundo, a Bíblia é também um livro de autoajuda, pois contêm diversas histórias e exemplos que ainda hoje são extremamente atuais e podem ser seguidos por todos nós. Meditando num desses dias sobre a situação econômica e política de nosso país, lembrei-me da história de Roboão, o filho e sucessor do rei Salomão.

Como todos sabem, o Brasil está passando por um verdadeiro período de "vacas magras". Recentemente, o governo federal autorizou um bloqueio de R$ 69,9 bilhões em gastos no orçamento de 2015. Trabalhadores, estudantes, aposentados e até mesmo viúvas irão sofrer com os tais cortes. A explicação? Segundo o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, esse é o primeiro passo para a recuperação do crescimento de modo sustentável. O ministro disse que "para que a economia e o crescimento se recuperem é preciso fazer esforço de equilíbrio fiscal". O mais interessante é que nossos governantes têm utilizado exaustivamente a palavra recuperação, mas recuperação do que exatamente? Tudo indica que o que na verdade faltou foi planejamento no uso do dinheiro público.

A atual situação do governo me faz lembrar as escolhas feitas pelo personagem bíblico Roboão. Naquela época, Jeroboão e representantes de Israel pediram que Roboão aliviasse o jugo colocado sobre o povo, e, em contrapartida todos eles o serviriam. Roboão tomou então conselho com os anciãos, homens maduros que também aconselharam a Salomão em outros tempos, e eles lhes disseram: "Se te fizeres benigno e afável para com este povo, e lhes falares boas palavras, todos os dias serão teus servos" (II Crônicas 10:7). O então governante decidiu não ouvir o conselho desses homens experientes para seguir a recomendação de jovens que haviam crescido junto com ele. Seus "companheiros" inexperientes disseram para Roboão não ouvir os homens sábios e continuar subjugando o povo de Israel.

Roboão, seguindo o conselho de seus "companheiros" disse ao seu povo: "Meu pai agravou o vosso jugo, porém eu o aumentarei mais; meu pai vos castigou com açoites, porém eu vos castigarei com escorpiões" (II Crônicas 10:14). É claro que o jugo imposto por Roboão é algo inimaginável para nós, mas os conselhos ruins quando colocados em prática são sempre desastrosos, pois como cita a própria bíblia: "Não havendo sábia direção, toda a nação é arruinada; o que a pode restaurar é o conselho de muitos sábios" (Provérbios 11:14).

Nosso país vive um momento sombrio, e isso no campo político, ideológico, econômico e social, mas, enquanto quem está no poder não entender que o conselho de seus "companheiros" talvez não seja o melhor, o povo continuará gemendo. É preciso ouvir o clamor do povo e também os homens sábios e experientes; parece mesmo é que esses homens costumam apenas ser chamados para apagar incêndios e não para evitá-los.

Sempre digo que é preciso colocar o interesse público acima de tudo, esse é um pensamento de todos nós do PRB, já cansados da velha forma de fazer política. O governante precisa ter a sua mente aberta para críticas que constroem alicerces firmes, além disso, é fundamental que aquele que está no poder se afaste dos "companheiros" e amigos bajuladores que não estão preocupados com o bem comum, mas em se perpetuarem no poder. A decisão de Roboão em ouvir os seus "companheiros" trouxe consequências nefastas, além de provocar o descontentamento e a revolta do povo. Será que a história de Roboão se assemelha à de outro governante?

*Gilmaci Santos é deputado estadual (PRB) e membro efetivo da Comissão de Constituição, Justiça e Redação

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