Opinião: Vão acabar com os carros em São Paulo


19/06/2015 15:09 | Gilmaci Santos*

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Acabar com a circulação de veículos na cidade de São Paulo parece ser a vontade do executivo municipal. Já não bastassem as tão criticadas e mal estudadas faixas de ônibus e ciclovias espalhadas pela capital paulista, que falharam pela falta de estudos e planejamento, agora, São Paulo corre o risco de contar com três modificações bem atrapalhadas e que poderão dificultar de uma vez por todas com a vida de quem vive ou trabalha por aqui.

A administração paulistana pretende criar uma nova faixa exclusiva para veículos de serviços como ambulância, carros oficiais e transporte de mercadorias e cargas, ou seja, mais uma faixa que provavelmente não ajudará em nada o já tumultuado trânsito de São Paulo. Além disso, o governo municipal anunciou que irá implantar a redução de velocidade nas marginais em julho. Assim, as marginais Tietê e Pinheiros terão novas velocidades, nas pistas expressas cairá de 90 km/h para 70 km/h, já nas pistas locais e centrais, a redução será de 70 km/h para 60 km/h, e não é só isso, em alguns trechos com curvas ou onde há faixas de ônibus, a diminuição cairá de 60 km/h para 50 km/h. Segundo nossos administradores a ação evitaria acidentes e mortes registradas nas marginais.

As restrições acabam aqui? Não, a prefeitura de São Paulo também estuda fechar uma das avenidas mais importantes da capital, a Avenida Paulista, o fechamento ocorreria aos domingos para o uso de pedestres, ciclistas e skatistas. O interessante é que os ciclistas já têm diversas faixas exclusivas na capital, inclusive em bairros aonde não se vê nenhum utilizando essa via, ou pior, onde faixas de ônibus e ciclovias dividem o mesmo espaço, algo bem perigoso. Além disso, muita gente não utiliza a bicicleta por causa da falta de segurança dessas vias. Mas, claro, a administração incompetente desta cidade não deve ter verificado a inviabilidade disso tudo.

São tantas as restrições e faixas exclusivas que a população está revoltada, e não é para menos, essas mudanças afetam diretamente a vida do cidadão paulistano e de quem estuda ou trabalha aqui. Se tivéssemos opções de qualidade na cidade seria até possível utilizarmos diariamente transporte público para ir ao trabalho ou mesmo passearmos nesta capital, mas, infelizmente, além de ser limitado por não conseguir atender a imensidão de usuários, não é melhor e mais veloz que um automóvel. Já ouvi pessoas falarem que o veículo particular é um "mal necessário" e concordo com isso, pois quem utiliza esse o transporte público para se locomover para o trabalho, casa, faculdade ou para um passeio gasta muito mais tempo, e isso é algo testado e vivenciado pela população. Hoje, o cidadão sonha em comprar seu veículo próprio para fugir do martírio que é utilizar o transporte público diariamente, que além de ser mais lento, é também lotado e de baixa qualidade.

Não há como proibir os automóveis de circularem em São Paulo sem antes resolver os problemas estruturais que aumentaram a frota de veículos por aqui, mas o executivo municipal está preocupado com isso? Não, novamente estão penalizando a população por algo que não é culpa dela, mas da falta de planejamento de nossa cidade que tem sido negligenciada há muito tempo. Novas estradas precisam ser construídas e o transporte público precisa ser melhorado e ampliado, esses são problemas fundamentais que necessitam de estudo e de aplicação. Infelizmente, não será a criação de novas faixas que irá resolver um problema de anos, na verdade é preciso se preocupar em iniciar ações de longo prazo que melhorem a qualidade de vida de nossa população.

A diminuição da velocidade das marginais também não ajudará o trânsito da cidade, mas, e os acidentes? Eles não serão evitados com essa mudança. As marginais foram criadas para serem vias expressas ou rápidas, elas são vias de tráfego de alta velocidade, separadas do resto do tráfego, ou seja, modificar sua velocidade é mudar a sua função real delas. Na maior parte do tempo as marginais estão paradas, então porque diminuir a velocidade daquilo que nem anda?

A população precisa opinar sobre esse tipo de mudança, pois é ela a maior interessada na melhoria do trânsito de nossa cidade, afinal, é o cidadão quem suporta 2, 3, 4 ou mais horas de engarrafamento todos os dias. Nossos governantes querem buscar soluções reais ou tapar o sol com a peneira e arrecadar ainda mais dinheiro com multas?

*Gilmaci Santos é deputado estadual (PRB) e membro efetivo da Comissão de Constituição, Justiça e Redação

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