Opinião - A corrupção mata


29/06/2015 11:33 | Welson Gasparini*

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Fui despertado, por uma mensagem circulando na internet, para um aspecto, negativo como todos os demais, da corrupção: ela é fatal. Ao contrário do fumo, a corrupção não mata fisicamente, mas, ainda assim, produz vítimas onde quer esteja instalada.

Ela causa mortes, lamentavelmente, disseminadas mas presentes no dia dos brasileiros e nos noticiários dos jornais ou emissoras de rádio ou tevês: mata as crianças por falta de UTIs; mata doentes por falta de hospitais; mata pessoas em acidentes por falta de estradas mais seguras; mata o futuro do Brasil por falta de investimentos em educação

A corrupção nos dias atuais é o mesmo que era a saúva na década de 50, quando se propagou o celebre adágio: "Ou o Brasil acaba com a saúva ou a saúva acaba com o Brasil". O Brasil, felizmente, mesmo não conseguindo eliminar a saúva, conseguiu, ao menos, controlá-la. Já a corrupção, aparentemente, é uma epidemia fugindo a qualquer tipo de controle: ela está presente em todas as faixas e em todas as escalas sociais.

Ela deve ser medida, a meu ver, não pelo valor desviado para os bolsos dos espertalhões; não pelo que sobra, mas, sim, pelo que falta. E quanta coisa não falta neste país para torná-lo mais próspero, mais justo e mais feliz? Faltam saneamento básico (e ainda recentemente focalizei o drama de bilhões de pessoas vivendo neste planeta sem os benefícios da água e do esgoto tratados); estradas bem conservadas (e quem sai pelas estradas brasileiras, exceto as paulistas, sabe bem do que falo); atendimento primário à saúde (nem mesmo o elementar é feito); acesso à educação de qualidade (são raros os que podem pagar pelo direito de bem estudar); creches (e quantas mães não são impedidas de trabalhar por não terem onde deixar seus filhos?); habitação (o déficit de moradias se agrava a cada dia...) etc. etc.

Dados do IBGE mostram, na região Norte do país, um Brasil onde mais de 60% dos domicílios não dispõem de recursos mínimos, como água encanada, esgoto tratado, coleta de lixo e, até mesmo, energia elétrica! 58,4% da população brasileira, eis outro dado alarmante, apresenta pelo menos um tipo de carência entre quatro itens avaliados: atraso educacional, qualidade dos domicílios, acesso aos serviços básicos e acesso à seguridade social.

É um país, percebe-se, com milhões vivendo na base do "salve-se quem puder" e alguns poucos se locupletando, em benefício próprio, do sacrifício alheio...

O combate à corrupção deve começar na própria família (com os pais difundindo nos seus filhos princípios como ética, honestidade e moralidade), tendo continuidade nas escolas e nas igrejas, criando-se a mentalidade do "não roubar" e também a do "não deixar roubar"... Não podemos é permitir que a corrupção continue, impunemente, roubando-nos, até, a esperança de um amanhã melhor para nossos filhos e netos.

*Welson Gasparini é deputado estadual (PSDB), advogado e ex-prefeito de Ribeirão Preto.

alesp