Opinião - Centro de Tratamento a Acidentados


13/07/2015 11:02 | Gilmaci Santos*

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Recentemente recebi um representante dos motociclistas de nosso Estado, que me contou sobre os diversos acidentes que acontecem diariamente com esse tipo de veículo. Mas, mesmo que sejam os que mais se envolvem em acidentes de trânsito, os motociclistas não são os únicos que fraturam membros e precisam utilizar o sistema público de saúde (SUS) em tratamentos longos e extremamente dolorosos.

Traumas e lesões podem ser acarretados de diversas maneiras, mas, hoje, os acidentes de trânsito são os principais motivos de internações e mortes no país, o que causa grande impacto nos custos com a saúde. Segundo o Mapa da Violência de 2013, sobre acidentes de trânsito e motocicletas, o Estado de São Paulo teve, em 2012, um total de 38.761 internações no SUS por acidentes de trânsito. O mapa utilizou dados do Ministério da Saúde para mensurar esses atendimentos, dados detalhados mostram que, desse total de internações, 10.679 eram pedestres, 3.273 ciclistas, 20.305 motociclistas, 4.083 estavam em um automóvel, 320 utilizavam algum transporte de carga e 101 usavam o ônibus.

Dados ainda mais recentes demonstraram que, a cada ano, 45 mil pessoas perdem suas vidas em acidentes de trânsito no Brasil. O problema é mundial e fez com que organismos internacionais, como a Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Organização Pan-americana de Saúde (Opas), promovessem iniciativas de alerta e apoio incentivando o desenvolvimento de políticas públicas para enfrentar este problema. Nesse contexto, apresentei recentemente a Indicação 1461/2015, ao governador do Estado, pedindo a criação do Centro de Tratamento a Acidentados (CTA). Esses centros de tratamento seriam unidades de atendimento médico com especialistas em traumatologia, ortopedia e fisioterapia. Segundo a indicação, o CTA deverá atender as vítimas de acidentes de qualquer natureza, mas, principalmente, as vítimas de acidente de trânsito.

É claro que o ideal seria que esses incidentes pudessem ser evitados, mas, já que eles ocorrem, as pessoas que se acidentam devem ser tratadas de modo eficiente e com especialistas neste tipo de trauma. Dados recentes mostram que Saúde gasta mais de R$ 185 milhões com internações de vítimas de acidentes de trânsito. O país gasta R$ 390 com vítimas de trânsito por minuto. Em 2011, quase metade dos gastos do SUS com vítimas do trânsito no Brasil foi destinada ao atendimento de motociclistas, pois, entre 2008 e 2011 houve um aumento de 95,32% nas internações de motociclistas acidentados. Segundo o Ministério da Saúde, São Paulo tem o maior número de internações por ano, além disso, das vítimas de acidente hospitalizadas em 2011, 48,1% eram usuários de motos.

Esses centros de tratamento especializado seriam extremamente importantes aos usuários do SUS, pois os pacientes poderiam ter seu problema resolvido mais rapidamente se fossem tratados de forma rápida e eficaz desde o início, isso seria extremamente salutar até mesmo para a nossa economia, pois, na capital paulista, por exemplo, fraturas e problemas nas costas encabeçam a lista das doenças que mais dão afastamentos pelo INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social). E não são apenas os acidentados no trânsito que lotam os hospitais, estatísticas mostram que 30% dos idosos vão cair pelo menos uma vez por ano e em 5% desses casos haverá uma fratura de fragilidade.

A ideia da criação do CTA é centralizar especialidades e especialistas em um único lugar para que o tratamento do acidentado seja completo. Espero que o governo de nosso estado ouça o clamor da população e considere a criação de unidades do Centro de Tratamento de Acidentados.

*Gilmaci Santos é deputado estadual (PRB) e membro efetivo da Comissão de Constituição, Justiça e Redação

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