Opinião - Novas alternativas de mobilidade urbana


21/09/2015 16:42 | Enio Tatto*

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Paris, Bruxelas, Londres, Madri, Buenos Aires e Bogotá, entre outras cidades, estão restringindo o acesso de automóveis em seus respectivos centros. Em Paris, por exemplo, a proibição vai começar paulatinamente nos finais de semana e, até 2020, deverá estar totalmente implementada. A proposta da Prefeitura de Paris é a de limitar o trânsito apenas a bicicletas, ônibus, táxis, veículos de moradores, carros de entrega e emergência como bombeiros e ambulâncias.

Essas iniciativas vão contra a lógica comum das grandes cidades, que há décadas estimulam o uso dos carros como transporte individual. A ideia é desafogar as vias de trânsito dos centros dessas cidades, atacar os engarrafamentos crônicos e diminuir a poluição do ar e sonora, que traz grave problema de saúde pública, em particular para as populações mais vulneráveis.

A poluição do ar é gerada, principalmente, por veículos movidos a combustíveis fósseis (diesel e gasolina). Os danos à saúde que ela provoca são muitos. Desenvolvimento de cardiopatias (doenças do coração), diminuição da qualidade de vida, diminuição da expectativa de vida, aumento das chances de desenvolver câncer, principalmente de pulmão, além de Parkinson, Mal de Alzheimer e distúrbio de ansiedade, doenças que também causam elevação dos gastos com a saúde pública.

Aqui na cidade de São Paulo, o secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto, e o prefeito Fernando Haddad sofreram de início certa resistência ao privilegiarem o transporte público coletivo com a ampliação dos corredores e faixas exclusivas de ônibus, incentivarem o uso de bicicleta e reduzirem a velocidade em diversas vias da capital. Também sofreram resistência quanto ao fechamento da avenida Paulista aos domingos.

A população, entretanto, está percebendo as virtudes e cada vez mais adere e apoia essas iniciativas pelas vantagens óbvias que elas trazem. No último domingo (20/09) a Prefeitura da Capital promoveu Audiência Pública para debater o fechamento da Avenida Paulista aos domingos e feriados. A ampla maioria se manifestou favoravelmente. O mesmo ocorreu no Campo Limpo, na Cidade Ademar, Lapa e Aricanduva, que também terão algumas de suas vias fechadas para o lazer dos paulistanos.

A prefeitura de São Paulo está priorizando o deslocamento seguro dos mais vulneráveis no trânsito " que são, respectivamente, os pedestres e ciclistas (locomoção não motorizada) " e zelando pelo interesse da coletividade. A política da prefeitura para o transporte objetiva a redução de acidentes e visa uma mobilidade urbana sustentável, segura e acessível que priorize o uso democrático do sistema viário pelos seus diversos atores " pedestres, ciclistas, motociclistas e motoristas/passageiros.

O que as cidades de Paris, Bruxelas, Londres, Madri, Buenos Aires, Bogotá e São Paulo estão identificando é o esgotamento do modal de transporte individual. Essa percepção tem motivado a formulação de políticas públicas que priorizam o transporte coletivo, a volta da cultura da bicicleta e a construção de alternativas para os pedestres.

Tenho modestamente contribuído para o debate e a conscientização sobre mobilidade urbana apresentando emendas e realizando audiências para a melhoria e ampliação do transporte sobre trilhos (Metrô e CPTM), além de ter aprovado a Lei 12.136/2005. A lei que instituiu, no dia 22 de setembro, o "Dia sem Carro", não prevê a aplicação de multas para quem se utilizar de carro nesse dia, pois seu objetivo não é o de punir, mas o de despertar a consciência das pessoas sobre as novas alternativas de mobilidade urbana.

*Enio Tatto é deputado estadual pelo PT e 1º secretário da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa.

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