Novamente volto a citar Leonel Brizola e Darcy Ribeiro, que foram os idealizadores e criadores dos Cieps, no Rio de Janeiro, e anteriormente, no Rio Grande do Sul. Com isso ficaram marcados na história como os construtores de escolas do Brasil. No século 19 " e parece que foi escrito ontem " o escritor francês Vitor Hugo disse: "constrói-se uma escola, fecha-se uma cadeia". Essa expressão está mais forte do que nunca nos dias atuais. Tenho certeza de que só a educação com qualidade salvará o mundo da avalanche da criminalidade e da violência juvenil que tanto nos amedrontam. A população de Ribeirão Preto vive momentos de muita apreensão. Com o projeto de reorganização escolar, a informação é de que serão fechadas as escolas estaduais José Lima Pedreira de Freitas, Jardim Paiva 1, João Augusto de Mello e Geraldo Correa de Carvalho. E mais, educadores já foram inclusive informados sobre a movimentação para outras unidades escolares. Na contramão de uma grande luta para que haja mais investimentos na educação, essa informação é assustadora. Esperava-se que os governos aumentassem os repasses para essa área no decorrer dos próximos anos. Contava-se que o governo federal tivesse uma fração de criatividade e anunciasse que a porcentagem do PIB investido na educação seria muito maior. Ainda acredito que a escola pública voltará a ser um centro de transmissão de conhecimento para os jovens. Espero que a sociedade volte a reconhecer o educador como uma autoridade social e de grande importância para a formação dos nossos filhos. Gostaria que os governos atuassem no sentido de que o magistério voltasse a ser motivo de orgulho para seus profissionais. Faz tempo que a educação deixou de ser prioridade e referência para nossos jovens. Os educadores deixaram de ter segurança nas salas de aulas e passaram a atuar com receio. Assim também sentem medo os alunos, com os traficantes nas portas das escolas. E os pais, no dia a dia, sofrem com a angústia do que vai acontecer na escola dos seus filhos. Rogo ao governador Geraldo Alckmin que a reorganização escolar pretendida em nosso Estado seja uma chave mestra para salvar a educação. Assim como Brizola e Darcy Ribeiro, friso novamente que só o investimento forte no ensino " em todas as idades " pode salvar as futuras gerações. Em nível nacional, o Plano Nacional de Educação (PNE )precisa também ser revisto e dar aos Estados e municípios a tranquilidade de que haverá recursos e mais investimentos na rede pública. Existe um forte movimento da sociedade na Inglaterra por uma escolaridade de melhor qualidade. Como a população inglesa ficou muito exposta à competição internacional, o povo exigiu do governo armamentos fortes para uma competição justa e a principal e mais forte arma é a educação. Lá, o salário dos educadores teve os melhores reajustes de toda a Europa. O Canadá também seguiu os mesmos moldes da Inglaterra. E nós, brasileiros, paulistas, temos que ouvir que escolas podem ser fechadas para uma reorganização escolar. Já anunciei que estarei ao lado dos educadores, pais e estudantes. Reorganização escolar não pode significar regressão no ensino. Que os nossos dirigentes, quer seja governador do Estado, secretário da Educação, ministro ou presidenta da República, se lembrem de uma frase bem popular: educação é a primeira necessidade do homem, depois do pão. Que sirva para a reflexão dos nossos governantes. Está em vossas mãos salvar os nossos jovens ou entregá-los cada vez mais à marginalidade. *Rafael Silva é deputado estadual e líder do PDT na Assembleia Legislativa.