Opinião: Reorganizar a educação para mudar a sociedade


13/10/2015 16:59 | Carlão Pignatari*

Compartilhar:


Enquanto vivemos o engodo da Pátria Educadora do PT, que sofre com a sexta troca de comando naquela que deveria ser a principal área de atuação e investimento do governo, por aqui, continuamos inovando. São Paulo mais uma vez saiu na frente e colocou na sala o bode que ninguém está disposto a encarar: para melhorar a qualidade do ensino é preciso mudar. O governo do Estado lançou mão de uma ambiciosa proposta a fim de entregar escolas melhores e mais adequadas à realidade dos jovens paulistas.

Para isso, vai dividir as unidades por faixa etária, ou seja, nas localidades em que for possível, irá separar os alunos por idade. Criança estudando com criança. Jovem estudando com jovem. A mudança atende ao novo cenário demográfico que tem se imposto aqui e no resto do País. A queda da taxa de natalidade e, como consequência, do número de estudantes.

Segundo a Fundação Seade, são dois milhões a menos de alunos desde 1998, distribuídos em uma rede de escolas preparada para atender uma população de mais de 6 milhões. O momento, portanto, não poderia ser mais adequado e propício para mudanças e exige celeridade.

Estudos indicam que as chamadas escolas de ciclo único (do 1º ao 5º ano, do 6º ao 9º ano ou médio) têm qualidade de ensino superior às demais. Mas nem todas as escolas e alunos serão impactados pela mudança. Isso porque ela se dará com base em critérios rigorosos. O limite da movimentação, por exemplo, é de 1,5 km. Essa é a distância máxima que o aluno se deslocará de sua atual escola, caso ele seja de fato transferido.

As carteiras vazias por si, no entanto, não explicam o processo de reorganização da maior rede de ensino da América Latina. É preciso retroceder um pouco e entender as mudanças e os avanços ocorridos na educação de São Paulo nos últimos 20 anos. O processo de inclusão colocou as crianças e jovens na escola, criou um currículo oficial para todas as unidades de ensino e realizou o maior concurso de professores de sua história.

Embora a qualidade da educação siga amparada por três componentes inseparáveis (aluno, professor e família), alguns insistem em tratá-la como mero instrumento de instrução. Na verdade, a discussão transcende as disciplinas, o caderno e o livro para repousar sobre um conceito que tem sido relegado a nível federal: o civilizatório.

A inércia pressupõe resistência, que curiosamente tem origem em apenas um entre os seis sindicatos da categoria. Este, por sua vez, por comprometimento partidário, conveniência e corporativismo, opta por negligenciar o aluno para garantir sua fatia política do bolo. É assim agora e foi assim no primeiro semestre quando manifestantes travestidos de professores protagonizaram cenas abomináveis de violência e depredação.

A iniciativa do governador Geraldo Alckmin merece mais do que a reflexão atenta dos pais, alunos, educadores e da sociedade. Mas sobretudo a participação de todos para a construção de uma educação de mais qualidade. Caso contrário, continuaremos claudicando em interesses alheios ao ensino, aos jovens e ao desenvolvimento.

Em tempos de escassez de verossimilhança, truques que falseiam a realidade não são mais aceitos por aqui. Estar disposto a enfrentar as dificuldades e os desafios inerentes de uma mudança concreta é um passo grande para seu sucesso e uma notícia alvissareira para um povo que está cansado de ser passado para trás.

*Carlão Pignatari é deputado estadual e Líder do PSDB na Assembleia Legislativa de São Paulo.

alesp