Opinião - Solidariedade aos refugiados sírios


20/10/2015 14:21 | Orlando Bolçone*

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São José do Rio Preto, a maior cidade da região noroeste do Estado, com 450 mil habitantes, está dando um grande exemplo de solidariedade ao acolher famílias de refugiados da guerra da Síria. Rio Preto mantém viva uma tradição que vem desde sua formação: receber de braços abertos quem chega em busca de uma vida melhor. A diversidade de etnias, costumes e idiomas sempre foi a grande marca da história da cidade. Italianos, portugueses, espanhóis, japoneses, chineses, latino-americanos, árabes, judeus, armênios, entre tantos outros povos, e brasileiros de todas as regiões encontraram na terra de São José seu porto seguro para recomeçar a vida. E construíram a grande cidade que Rio Preto é hoje, no comércio, na saúde, na educação, na cultura, na comunicação, na engenharia. E agora, mais uma vez, a cidade estende as mãos em apoio aos imigrantes sírios, que estão fugindo da guerra civil que há quase 5 anos destrói o país. Nesta fuga desesperada, homens, mulheres, crianças e idosos são muitas vezes submetidos à extrema humilhação, sofrendo todo tipo de violência e sendo alvo de preconceito e rejeição.

Segundo a ONU, pelo menos 191 mil pessoas morreram na Síria por causa da guerra civil, que já provocou a fuga de mais de quatro milhões de pessoas. Muitos desses refugiados estão em Rio Preto, que reúne uma das maiores colônias árabes do país. Hoje já são mais de 80 famílias. Uma vez na cidade, encontram uma rede de apoio que inclui, além dos descendentes de sírios e libaneses, instituições e igrejas de diferentes orientações. Exemplos de gestos humanitários não faltam: a Igreja do Imaculado Coração de Maria acolhe famílias sírias que chegaram há poucos dias na cidade. O padre Oscar Donizete Clemente, pároco da igreja, fez uma campanha para arrecadar roupas e alimentos para os refugiados. As doações foram muitas, milhares. Roupas, alimentos, remédios. Médicos descendentes de árabes estão atendendo os refugiados com problemas de saúde, gratuitamente, em especialidades como cardiologia, oftalmologia e odontologia. Alunos e professores do campus da Unesp abriram um curso de língua portuguesa dirigido aos sírios recém-chegados.

Empresários oferecem trabalho para os refugiados, muitos com curso superior. A Primeira Igreja Batista, sob a coordenação do pastor Edevaldo Soldeira Rodrigues, recebe refugiados sírios desde o ano passado, providenciando aluguel de casa, escola, assistência médica e trabalho. Instituições como Rotary Club reforçam esta grande rede de apoio e também estão mobilizadas dar assistência aos refugiados. Toda essa mobilização espontânea e extremamente eficiente chamou a atenção do secretário estadual do Desenvolvimento Social, Floriano Pesaro, que fez uma a visita a São José do Rio Preto. O secretário foi conhecer as ações bem sucedidas no apoio aos refugiados, para que essas experiências sejam estendidas a outras cidades paulistas que estão acolhendo não somente os sírios, mas também de outras nacionalidades como, por exemplo, haitianos e paquistaneses. A ideia é inseri-los no conjunto de programas sociais sob a coordenação da secretaria. Mas tão importantes quanto doações de roupas e alimentos são os gestos de carinho, o abraço acolhedor, a mão estendida. E, na dor do desterro, São José do Rio Preto, mais uma vez, dá exemplo de ajuda humanitária e espírito solidário.

*Orlando Bolçone é deputado estadual pelo PSB

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