Opinião - O foco é a qualidade do ensino


27/11/2015 17:27 | Pedro Tobias*

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Na polêmica que se criou em torno da reorganização escolar discutiu-se de tudo até o momento, menos o principal: a melhora na qualidade de ensino. A questão principal, que deveria dominar os debates em torno do assunto, é se a qualidade do ensino oferecido aos nossos alunos vai melhorar ou vai piorar com as mudanças propostas pela Secretaria de Estado da Educação.

De acordo com os dados apresentados pela própria secretaria, a qualidade vai melhorar. Os idealizadores das mudanças argumentam que alunos das unidades de ensino que oferecem ciclo único apresentam rendimento médio superior aos das demais escolas, com notas 28% melhores. Ainda não vi ninguém contestar essa afirmação. Entendo que isso é um sinal de que não há argumentos convincentes contrários ao objetivo principal da reorganização escolar, que é melhorar o nível da educação pública no Estado de São Paulo. É isso que precisa ser levado em consideração. Esse deveria ser o foco dos debates, pois é o que mais interessa à sociedade.

E alguma coisa precisa ser feita. O governo do Estado gasta 30% de suas receitas com a educação e uma parte considerável dos nossos alunos tem desempenho sofrível. Mal sabem ler e escrever, têm dificuldades para interpretar um texto ou para fazer um cálculo simples de matemática. Não é possível gastar tanto dinheiro público em educação e a sociedade receber em troca alunos tão mal preparados. A reorganização escolar é uma tentativa de mudar isso.

Esta é a discussão que precisa ser feita. O resto é varejo e discurso político-partidário de setores da oposição que vivem caçando pretexto na tentativa de desgastar um governo sério e responsável e que foi amplamente aprovado pela população de São Paulo. Fica evidente o uso político das ocupações de escolas quando vemos organizações umbilicalmente ligadas à oposição dando "apoio" ou mesmo participando das ocupações.

De resto, que fique claro à população que o compromisso do governo do Estado de São Paulo é com a melhora da qualidade de ensino público oferecido às nossas crianças e jovens. Ao contrário do que tem se falado por aí, por má-fé ou desconhecimento, não haverá fechamento de salas de aula nem superlotação das mesmas. O que será feito é um remanejamento para que sejam ocupados espaços que, ao longo do tempo, ficaram ociosos pela falta de aluno.

Em 20 anos, o número de matrículas na rede estadual de ensino encolheu de 6 milhões para 4 milhões. São 2 milhões de alunos a menos. Em muitos casos, escolas com capacidade para atender 1.000 alunos possuem hoje apenas 500 matriculados ou até menos que isso. Não se justifica, do ponto de vista lógico, muito menos financeiro, manter duas escolas funcionando se os alunos matriculados nas duas cabem muito bem em uma. Manter uma estrutura subutilizada é desperdício de dinheiro público. E nenhum cidadão comprometido com uma gestão pública eficiente, que prioriza a racionalização dos gastos e a boa qualidade dos serviços prestados, tolera desperdícios, muito menos na área da educação.

*Pedro Tobias é deputado e presidente estadual do PSDB.

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