Opinião - O povo quer mudanças


14/03/2016 15:37 | Welson Gasparini*

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O Brasil viveu, no último domingo, um dia histórico quando milhões de brasileiros, em pelo menos 239 cidades das cinco regiões do país, saíram às ruas para pedir a saída da presidente petista Dilma Roussef e protestar contra o imobilismo que marca nossa atual conjuntura política, econômica e social travando o presente e comprometendo o futuro.

Assim, enquanto uma multidão avaliada em 1,4 milhão de pessoas (segundo a Polícia Militar) e 500 mil (de acordo com a Datafolha), protestavam contra o governo Dilma, a revista VEJA e a Lean Survey promoveram uma pesquisa visando entender o pensamento e as pretensões dos manifestantes. A iniciativa é a primeira a revelar o perfil dos manifestantes: eles tinham idade média de 44 anos e 82% têm ensino superior completo ou incompleto. Nesse dia histórico - nunca tanta gente deixou sua casa para pedir mudanças nos rumos do país - a pesquisa registrou não apenas o desejo de a presidente Dilma deixar o poder mas também a crença, para 91% dos entrevistados, do seu envolvimento direto no petrolão.

Quase 80% dos entrevistados preferem que uma nova eleição seja realizada " requerendo, portanto, não o impeachment, mas a cassação da chapa vencedora nas eleições de 2014. Michel Temer, como substituto legal em caso do impeachment ser efetivado até o final do segundo ano de mandato, não entusiasma: é a alternativa preferida de apenas 11%. Os entrevistados afirmaram em maioria - pouco mais de 80% - não verem risco à democracia brasileira na substituição de Dilma pelas vias legais - impeachment ou cassação da chapa Dilma-Temer na Justiça Eleitoral. Os protestos tiveram também como alvo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, fundador e principal líder do PT, investigado pela Operação Lava Jato e pelo Ministério Público de São Paulo.

A enorme adesão às manifestações, convocadas majoritariamente por grupos como o Vem Pra Rua e o Movimento Brasil Livre (MBL), praticamente enterrou o discurso governista e petista de que o país estava dividido; segundo institutos de pesquisa, Polícia Militar e historiadores os atos públicos de domingo último superaram em adesão todas as manifestações anteriormente ocorridas no país, inclusive as do das "Diretas Já".

Tanto em São Paulo quanto nas outras capitais do país (Brasília, Rio de Janeiro, Curitiba, Porto Alegre, Fortaleza, Maceió, Porto Alegre, Salvador etc) o número dos manifestantes superou largamente os dos protestos ocorridos em 2015. É o Brasil, mais do que nunca, unido contra a crise e dizendo, explicitamente, basta à tanta corrupção e tanta incompetência.

Ribeirão Preto, puxando a brasa para a minha sardinha, deu, mais uma vez, demonstração de civismo e de respeito às instituições: mais de 70 mil ribeirãopretanos foram às ruas, educadamente, manifestar o seu inconformismo. Idosos, crianças e jovens " representativos de todas as classes sociais " atenderam mais uma vez ao chamamento da pátria num momento tão dramático quanto o atual. Ao lado de meu filho, o vereador Mauricio Gasparini e de outros companheiros, vivi plenamente as emoções de um dia, tenho certeza, que tende a ser decisivo na história da nossa própria democracia!

*Deputado estadual (PSDB), advogado e ex-prefeito de Ribeirão Preto

alesp