Enquanto as empresas demitem para se ajustar ou fecham as portas, enquanto o seguro-desemprego fica mais difícil, enquanto os profissionais veem cada vez menos oportunidades no mercado, enquanto aumenta o desemprego, a inadimplência e o custo de vida das famílias, enquanto o salário perde o seu poder de compra, em Brasília existe um mundo paralelo, no qual a única ação é manter-se no poder. Neste domingo (17/4), no entanto, a Câmara dos Deputados aprovou, por 367 a 137, a autorização para ter prosseguimento no Senado o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Além da crise, que não é só financeira, mas também política e moral, os desdobramentos da Operação Lava-Jato não param de revelar o quão longe foram os tentáculos da corrupção, manipulados por altas autoridades de Brasília. Dia desses, na tribuna da Assembleia Legislativa, falei aos nobres deputados sobre a minha indignação e preocupação com o nível intolerável ao qual chegou a corrupção em nosso país. De um lado, recursos escassos para investir em obras, em saúde, em educação, em segurança; e, do outro, milhões " do dinheiro público " sendo indevidamente movimentados para favorecer poucos. Os brasileiros cansaram, não querem mais pagar a conta. Foram às ruas, movimentaram os parlamentares e o primeiro round foi vencido pela população. Outros virão, em breve! Enquanto este processo se desenrola, nós, brasileiros, teremos de continuar convivendo com o fantasma do desemprego e da desaceleração da economia. A taxa de desemprego aumentou 9,5% no trimestre encerrado em janeiro de 2016, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Outro recorde indesejado foi o número de desempregados, que chegou a 9,6 milhões de pessoas, em média, em relação ao trimestre de agosto a outubro de 2015. No confronto com igual trimestre de 2015, o número subiu 42,3%, o que representa 2,9 milhões de pessoas fora do mercado produtivo. A situação é cada vez mais crítica e os governos estão engessados pela crise, sem condições orçamentárias de investir porque a arrecadação também caiu. Entramos em um ciclo negativo e não conseguimos sair do lugar. O nosso Brasil precisa retomar o seu ritmo, superar todas as crises e voltar a crescer. Por que se assim não for, onde vamos parar? *Marcos Damasio é deputado pelo PR.