Opinião: Vitórias em tempos de Olimpíada


02/08/2016 17:17 | Marcos Damasio*

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Os Jogos Olímpicos no Brasil estão proporcionando momentos emblemáticos e muito bem-vindos no momento em que se discute em todo o país o direito das mulheres, a igualdade no mercado de trabalho, o fim da violência contra as mulheres, enfim, a garantia a uma vida digna e com acesso às oportunidades.

Elas estão em destaque nesse evento esportivo mundial. Logo de início, a tocha olímpica desceu a rampa do Palácio do Planalto, iniciando sua turnê pelo país, nas mãos da bicampeã olímpica (Pequim 2008 e Londres 2012) e capitã da seleção brasileira de voleibol Fabiana Claudino.

Agora, surpreendendo a todos, a pentatleta Yane Marques foi escolhida para entrar com a bandeira brasileira no Maracanã, na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de 2016, na próxima sexta-feira, dia 5/8, desbancando dois nomes masculinos e de modalidades mais populares: Serginho, do vôlei, e o velejador Robert Scheidt.

As mulheres conquistaram muitas coisas nas últimas décadas, mas ainda persistem algumas nódoas, como aquela que insiste em manter o sexo masculino acima do feminino, resguardando-lhe "direitos" como ser superior a elas ou ser seus donos.

As leis evoluíram muito, mas ainda não conseguiram apagar a cultura machista brasileira, tão arraigada no subconsciente coletivo.

Fabiana Claudino e Yane Marques pontuam brilhantemente esta luta e comprovam o empoderamento das mulheres nos mais diferentes campos.

Yane será a segunda porta-bandeira na história da participação brasileira nos Jogos Olímpicos, a primeira foi Sandra Pires, do vôlei de praia, em 2000 nos jogos de Sydney.

Fabiana revelou que ser a primeira a carregar a chama olímpica representou muito para ela, como mulher e negra, e mostrou o quanto as mulheres vêm evoluindo em relação ao machismo e ao racismo. Yane se surpreendeu com o resultado, ainda mais diante da disputa com dois ídolos bastante populares.

A alegria dessas duas atletas reflete a alegria de todos aqueles " homens e mulheres " que desejam mais igualdade e menos injustiças.

Que cheguemos ao ponto de não existirem minorias, mas apenas cidadãos, pessoas com iguais direitos, com iguais oportunidades, porque, no Brasil, somos um conjunto de diferenças, não temos um perfil único, somos conhecidos pela diversidade. Falta, agora, entender que precisamos respeitar cada um como queremos ser respeitados.

*Marcos Damasio é deputado estadual pelo Partido da República

alesp