Opinião: Fazer a lição de casa


15/12/2016 15:39 | Carlão Pignatari*

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"Faça o que eu digo, não faça o que eu faço". Esse ditado foi o retrato dos desmandos que assolaram o País nos últimos 13 anos. Hoje, com a mudança de rumo, temos a chance de modificar esse modelo e fazer uma política nova e contemporânea.

Por isso, custo a acreditar que vai vicejar a tese de mais uma reeleição ao comando do PSDB nacional. Seria a antítese dos propósitos dos tucanos, que um dia já votaram a favor do parlamentarismo - tese que ainda hoje nos é cara - e que se posicionam contrários à reeleição, seja de presidente, governador ou prefeito.

Inverter a lógica transversa do continuísmo, com alternância do poder, é um grande bem à democracia. E fazer o dever de casa é lição que se aprende no Fundamental, além de servir de exemplo e ensinamento às gerações futuras.

A Política (com p maiúsculo) precisa ser oxigenada constantemente. A falta de ar puro nos submeteu a mais de uma década de métodos populistas e insegurança que resultaram em um rombo de R$ 170 bilhões e mais de 12 milhões de pessoas desempregadas.

Também acredito que, com a avaliação que a população está fazendo do desempenho do Congresso, essa postura de perpetuação no poder não será bem absorvida. Pesquisa recente aponta que quase 60% da população avaliam como ruim ou péssimo o desempenho do Congresso. Maior índice de rejeição dos últimos 23 anos.

Além do reflexo exterior, o continuísmo abalaria as alas internas e seria uma quebra ao Regimento Interno do PSDB. Dizemos uma coisa e fazemos outra? Por coerência devemos mostrar que questões menores, vaidades e desatinos não se sobrepõem aos desígnios democráticos do partido.

O PSDB, nos seus 28 anos de existência, construiu uma trajetória vitoriosa e mudou a cara não só do Brasil (quando comandou o País de 1996 a 2002) como também de milhares de gestões municipais e estaduais.

Outra possibilidade na qual também não posso acreditar é que esse movimento seja uma quimera voltada para a batalha pelo poder a todo custo, visando 2018 . O PSDB tem nomes notáveis que poderiam pleitear, e vencer, a disputa à Presidência da República. Caminho esse a ser trilhado com concórdia e construído em harmonia e conciliação. Aceitar a alternância na condução do partido é meio salutar e democrático.

Antecipar a porfia vai desgastar os atletas, atrapalhar a concentração, tirar o foco do time e não ajuda nem um pouquinho no entrosamento da equipe. Essa é a hora de o grupo se "fechar", fazer a lição de casa e, entrosado, entrar em campo na hora certa.

* Carlão Pignatari é deputado estadual e líder do PSDB na Assembleia Legislativa de São Paulo

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